Aprender a conhecer, a fazer, a ser e a conviver. Esses são os quatro pilares fundamentais da educação elaborados no ano de 1999 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), através das mãos de Jacques Delors, professor político e econômico francês. Com isso, a educação tomou um outro rumo, ao qual ela não somente prepara as pessoas para o mercado de trabalho, mas também para viver em sociedade. Porém, no quesito ‘inclusão de pessoas com deficiência intelectual na educação’, ainda existem algumas barreiras e por isso, Natália Costa, psicóloga e diretora do CENSA Betim, instituição que é referência nacional no atendimento a esses indivíduos, faz um alerta da importância de se falar do ‘Dia Nacional de Luta pela Educação Inclusiva’, celebrado em 14 de abril, já que ela consiste na valorização do ensino e na convivência da diversidade, com respeito, reciprocidade e, acima de tudo, ética.
De acordo com Natália Costa, a educação inclusiva vai muito além de inserir um aluno com deficiência em uma instituição. Para ela, se trata de uma transformação cultural. “O grande ponto de partida da educação inclusiva para pessoas com deficiência é a de promover a igualdade de oportunidades e a valorização das diferenças humanas em todos os aspectos. Desta maneira, tanto pelas questões de diversidades étnicas, culturais, sociais, intelectuais, físicas e outras. Lembro que além de criar uma transformação na cultura do ensino, essa inclusão passa pelas adaptações promovidas por políticas públicas, gestão escolar, envolvimento de comunidade externa e interna, revisões de estratégias pedagógicas, treinamento e capacitação de professores. Tudo para atender com dignidade os alunos com deficiência. A lei da inclusão é clara, mas para fazer valer, é preciso seguir esses passos é importante”, explica.
Segundo a psicóloga do CENSA Betim, o Dia Nacional de Luta pela Educação Inclusiva é dia de valorizar os professores, profissional fundamental nesse processo de inclusão das pessoas com deficiência, por isso devem ser depositários de nossa confiança e aos quis deve ser dado oportunidades de crescimento, capacitação e principalmente de valorização. Quanto aos alunos com deficiência, Natália complementa: “Eles aprendem muito melhor quando encontram significado do que está sendo ensinado, do que está sendo passado. O professor é peça chave e precisa acreditar na capacidade do aluno com deficiência superar seus limites, principalmente o aluno com deficiência intelectual. Assim, conhecer o aluno, saber quem ele é, do que gosta e do que não gosta, além das suas habilidades e dificuldades, é a forma mais fácil de dar sentido ao seu aprendizado. É indispensável também criar formas de ensino que envolvam as emoções e sabendo das preferências do aluno, fica mais fácil trilhar o caminho para propiciar experiências de ensino agradáveis para ele”, salienta.
A psicóloga reforça que transformar a escola em um ambiente inclusivo não se resume a colocar, lado a lado, numa mesma sala de aula, os estudantes com ou sem deficiência intelectual. “O fato é que a inclusão se efetiva e traz benefícios para todos os alunos quando as práticas pedagógicas se pautam pelos pontos fortes e pelas necessidades de cada um deles, independentemente de terem ou não deficiência. Desta forma, se a inclusão for operacionalizada, aí sim fará a diferença nos impactos para o conjunto de estudantes. Uma gestão adequada das salas de aula inclusivas tendo instrução adaptativa, estratégias e objetivos de aprendizagem mais flexíveis com cooperação entre professores e geral, traz bons resultados. Com isso, a educação inclusiva se torna efetiva e acima de tudo, essencial para o desenvolvimento das pessoas com deficiência intelectual. A educação é um direito de todos, mas precisa da união da sociedade para ser efetiva”, reforça Natália Costa, que ainda completa: “outro ponto importante é salientar que a Educação Especial também é inclusiva, na medida que ela é oferecida para aqueles alunos que não usufruem da escola regular. Portanto, atender as necessidades educacionais do estudante é o ponto de partida para uma Educação Inclusiva”.