O calor do verão pode representar um desconforto enorme para quem já sofre de varizes e doenças linfáticas. Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), durante o verão, existe um aumento de 30% das doenças vasculares, isso porque ocorre a dilatação dos vasos sanguíneos da pele e, consequentemente, uma piora desses sintomas.
Mas como saber se esses vasinhos que incomodam não escondem um problema maior de saúde? Um dos exames solicitados nesses casos é o doppler vascular, considerado hoje uma ferramenta importante para o diagnóstico de diversas doenças que acometem o nosso sistema circulatório.
Como todo exame complementar, o doppler vascular existe para ajudar no diagnóstico que o médico está investigando.
“Ás vezes, somente o doppler vascular não é o suficiente para fechar um diagnóstico, e como se trata de doença circulatória, pode ser necessário que o paciente realize um exame contrastado. Mas isso fica sempre a critério do médico assistente”, explica a médica da Clínica Doppler, Lyana Guimarães Rosa.
“As doenças do sistema circulatório podem acontecer porque os vasos não estão funcionando de maneira adequada, como vias de mão única, ou então simplesmente porque estão sofrendo algum tipo de obstrução. Os exemplos mais comuns de doenças venosas que podem ser diagnosticadas com o doppler vascular são as varizes e as tromboses”.
Como funciona o exame
A médica explica que o doppler vascular é como um exame de ultrassonografia sem contraindicação, que pode ser feito em qualquer paciente, inclusive gestantes.
“Esse exame não corta e não é injetado nenhum tipo de contraste ou substância no paciente. Apenas usamos gel de ultrassom, que pode ser frio ou aquecido. O médico pode analisar as medidas das veias, assim como pesquisar os pontos de refluxo, para decidir se vale a pena ou não fazer uma cirurgia de varizes, por exemplo, e retirar aquela veia comprometida”, explica.
“No caso da trombose venosa, além de verificar se a veia está obstruída, podemos, na maioria dos casos, saber se já apresentou uma trombose antes. Normalmente, os trombos, depois de tratados, quando o fluxo volta a passar naquela veia, ele deixa pequenas fibroses e cicatrizes nas paredes das veias, que conseguimos identificar com o exame. Além de sabermos se o trombo deixou as válvulas doentes, e a veia apresenta refluxo”, complementa.
Lyana, que também é especialista em Cirurgia Vascular Periférica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, explica que, com a pandemia da Covid-19, começou a atender na Clínica Doppler muitos casos de pacientes com trombose pós-Covid.
“Infelizmente é uma complicação que está se manifestando muito na doença, mesmo nos casos com pouco ou nenhum sintoma. Dessa forma, a embolia pulmonar é consequência da trombose. O paciente fica com marcadores alterados de fatores de coagulação e sofre mais episódios de trombos, que é quando há um coágulo dentro de um vaso”, conta.
Qualquer médico pode solicitar o exame, mas o importante é que seja sinalizada a indicação e se o procedimento é arterial ou venoso.
“Muitos cirurgiões plásticos, gerais, ortopédicos, estão solicitando o doppler venoso para rastrear trombose nos seus pacientes antes da realização das cirurgias. Isso porque uma cirurgia mais demorada, que levará um tempo de repouso maior ou imobilizações mais prolongadas, são sempre fatores de risco para as tromboses venosas. Caso haja o diagnóstico de uma trombose prévia, mas que o paciente nunca soube que teve, eles podem fazer medicamentos de prevenção e, ainda assim, realizar a cirurgia com menores riscos de complicações”, finaliza a médica.