O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (26) que se faça um esforço para recuperar o atraso que alunos pobres tiveram por causa da falta de estrutura para acessar aulas virtuais no período de pandemia. Em entrevista à CBN Vale do Paraíba, Lula lembrou que, sem acesso à internet e computadores, crianças da periferia brasileira foram prejudicadas por um período de praticamente um ano meio sem aulas adequadas.
“Vamos ter de fazer um esforço enorme, chamar os educadores, fazer um mutirão, utilizar o que tiver de instrumentos para que a gente possa recuperar essa falha e colocar as crianças no mesmo padrão educacional. Temos que garantir que tenham a mesma qualidade de educação, que aprendam as mesmas coisas, essa é uma das preocupações que eu tenho”, afirmou.
O ex-presidente lembrou que é a educação que permite que as pessoas progridam na vida. Nos governos do PT, o investimento público em educação passou de 4,7% do PIB em 2002 para 6% do PIB em 2014. Além disso, em 2014, a então presidenta Dilma Rousseff sancionou o Plano Nacional de Educação, que previa o aumento progressivo da destinação de orçamento para a educação, até chegar a 10% em 2024.
Lula sempre conta que sua mãe, Dona Lindu era analfabeta, e que ele mesmo estudou muito pouco quando era jovem, por falta de oportunidade. Por isso, o acesso à educação foi um dos pilares de seu governo, assim como da presidenta Dilma.
Pobre no orçamento
Lula defendeu também a inclusão do pobre no orçamento e dos ricos no imposto de renda, como medida de estimulo ao consumo, à geração e emprego e ao crescimento. “Se colocarmos o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda, se tivermos uma política de inclusão social que faça com que o pobre tenha dinheiro para ir ao mercado, para comprar um short, um vestido, um sapato, um caderno, a economia vai crescendo por si só. Não tem outra mágica. Não tem essa de plano emergencial para gerar emprego”.
Conversa com a sociedade
De acordo com o ex-presidente, para consertar o país, será preciso muita responsabilidade, muita seriedade, muito juízo e muita conversa com a sociedade. “Você tem que ouvir os trabalhadores, os artistas, o povo que está querendo casa, que está querendo terra, que está querendo emprego. Por isso, fiz 74 conferências nacionais para discutir políticas públicas e para ter certeza de que a sociedade estava participando”.
Lula: “O desafio agora é recuperar a economia”
Em entrevista à CBN Vale do Paraíba na manhã desta quarta (26), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que o país está com a economia atrofiada, sem capacidade de investimento, o que prejudica todos os brasileiros, destrói a educação e o futuro do país. “O Brasil está muito mais desestruturado do que em 2003”, afirmou.
Ele lembrou que o atual governo reduziu a quase zero o orçamento da Ciência e Tecnologia e está levando as universidades à falência. “Estamos com a economia
atrofiada. O Estado não tem capacidade de investimento. O Estado está permitindo a falência das universidades. O Estado diminui quase a zero o orçamento da Ciência e Tecnologia. O desafio agora é recuperar a economia.”
O ex-presidente disse que é preciso eleger em 2022 um conjunto de deputados que tenham uma visão mais social e mais humanista do país. Para Lula, o problema não é ganhar as eleições, é conseguir consertar o país.
Lula defende debate de ideias na campanha eleitoral
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a realização de eleições pautadas no diálogo e no debate de ideias, ao invés de disseminação de fake news, que é marca do atual governo. Para ele, o debate de ideias é interessante para mostrar quem vai resolver os problemas da população.
“Sempre fizemos campanha com debate de ideias. É isso que pretendo fazer. Não vou jogar o jogo rasteiro de alguns adversários, não vou entrar no lamaçal que eles estão entrando na perspectiva de me atacar”, disse o petista, lembrando que decidirá pela candidatura entre fevereiro e março. “Esse debate de ideias é muito interessante. Quero saber quem vai resolver o problema do emprego, o problema da economia, quem é que vai reconquistar a credibilidade do país”, completou.
Em entrevista à CBN Vale do Paraíba nesta quarta, 26, Lula disse que leu na imprensa recentemente que o presidente Jair Bolsonaro conta sete mentiras por dia e afirmou que o Brasil não pode estar subordinado à mentira. “O Brasil está precisando de verdade, de fraternidade, de amor, de solidariedade, de carinho, de livro didáticos, não de armas, não de fuzis, espingarda ou pistola. O povo brasileiro não quer ser pistoleiro nem voltar ao Velho Oeste. Queremos ter livro, acesso à cultura, não ficar treinando tiro ao alvo”.
O ex-presidente lembrou que já foi testado pela população. “O povo brasileiro me conhece desde 1978. Eu tenho uma história que é pública, meus inimigos já me vivaram do avesso e eu sempre faço a política pautada (na verdade)…quando eu estou falando com vocês, eu estou falando com a dona de casa, com uma família que está no carro e eu não tenho direito de mentir para uma criança, esse mundo está precisando da verdade. É esse país que me proponho a discutir durante o processo da campanha”.
Lula afirmou ainda que é preciso recuperar o Brasil – que vive situação muito pior do que em 2003, quando ele iniciou o primeiro mandato. “Não há necessidade de termos nesse país gente que vai dormir com fome, criança desnutrida. O Brasil é um país grande, tem tudo. O que precisa é a gente ter vergonha na cara e saber governar. A gente governa é para o povo. Tenho certeza, e fé em Deus, de que o povo brasileiro vai voltar a sorrir”.