Uma unidade da Zara foi palco de mais um caso que envolve abordagem de segurança a clientes negros. Desta vez, o episódio aconteceu na terça-feira (28), no Shopping da Bahia, em Salvador.
Imagens gravadas por pessoas que estavam dentro da rede de lojas de roupas e acessórios, mostram um homem sendo abordado por um segurança do centro de compras. É possível ouvir que o cliente reage a aproximação do profissional.
Alterado, o homem diz se sentir envergonhado por um homem negro, assim como ele, estar envolvido em uma abordagem que suspostamente leva em consideração apenas a cor da pele.
“Não tem vergonha na cara? Um preto que não presta. Não tenho orgulho de você. Eu sou preto como você […] Eu tenho cartões, eu compro o que quiser. Não, não tem nada haver. Olhe meu documento […]”, diz o cliente enquanto o segurança pede para que ele o acompanhe até um outro espaço.
Delegada barrada
Em setembro deste ano, a delegada negra Ana Paula Barroso foi impedida de entrar em uma loja da Zara localizada em um shopping de Fortaleza (CE).
A loja argumenta que solicitou a saída da mulher porque ela não utilizava máscara, embora imagens de câmeras de segurança mostrem clientes brancos e sem proteção facial circulando livremente.
A investigação sobre o caso trouxe à tona um código secreto para que funcionários das unidades ficassem atentos a pessoas negras e aquelas com estereótipo “fora do padrão” do estabelecimento. Elas deveriam ser abordadas e, em alguns casos, impedidas de entrar nas unidades.
A Polícia Civil indiciou o gerente da loja pelo crime de racismo, o que pode lhe custar reclusão de um a três anos e multa ao funcionário suspeito de cometer a discriminação racial.
O que diz o shopping
Procurada pelo o BNews a assessoria de comunicação do Shopping da Bahia afirmou, por meio de nota, que um segurança do empreendimento foi acionado por representantes da loja. Eles teriam solicitado que o cliente retornasse ao espaço.
“Pedido que foi prontamente atendido pelo cliente que apresentou as notas fiscais aos lojistas”, diz trecho da nota.
A assessoria do Shopping da Bahia diz ainda que o segurança não poderia atender a solicitação dos lojistas, já que as normas do centro de compras não permite a conduta.
“A administração do empreendimento não compactua com qualquer ato descriminatório e incluirá as imagens desse fato nos treinamentos internos para evitar que se repitam”. A reportagem não conseguiu contato com a Zara.