A cidade de São Paulo voltou a registrar aumento nas hospitalizações por suspeita de Covid-19. Nos últimos sete dias, foram computadas 1.170 internações, um crescimento de 47,5% em relação aos sete dias anteriores, quando houve 793 novos pacientes.
Para Roberto Kraenkel, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e integrante do Observatório, essa subida se explica pela presença de um novo agente infeccioso, que pode ser a variante ômicron do coronavírus ou o vírus influenza H3N2, que tem provocado epidemia de gripe em vários estados brasileiros.
Procurado pela Folha de S.Paulo, o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, negou haver sinais de disparada de internações na rede municipal. De acordo com ele, a capital tem, atualmente, apenas um hospital referenciado para tratamento de Covid-19.
A Prefeitura de São Paulo confirmou a circulação comunitária da ômicron na semana passada, quando foram contabilizados sete casos da variante entre pessoas que não tiveram contato com viajantes.
Segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), 300 pessoas estão sendo monitoradas por terem participado de uma festa na qual estava um idoso de 67 anos que foi contaminado sem ter histórico de viagem ao exterior.
Segundo o especialista do Observatório, as novas internações na cidade têm duplicado num intervalo de 3 a 5 dias, o que coincide com o padrão visto na Europa em relação às hospitalizações causadas pela variante ômicron.
“Ainda existe uma confusão com [o diagnóstico] de gripe, mas é uma emergência de saúde pública de qualquer maneira”, diz Kraenkel em relação ao aumento de pacientes internados.
A confusão se dá pela similaridade dos sintomas causados pelas duas doenças. Além disso, segundo o membro do Observatório, poucos pacientes são testados para descobrir se foram infectados pelo coronavírus ou pelo vírus da gripe.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a velocidade de transmissão da variante ômicron segue em ritmo sem precedentes, e a nova cepa já foi encontrada em 77 países.
O vírus influenza A H3N2, o mesmo associado à recente epidemia de gripe no Rio de Janeiro, está circulando na capital paulista e já provoca aumento de atendimentos em prontos-socorros e internações em hospitais públicos e privados.
Desde o início da semana passada, a prefeitura tem testado para Covid-19 todos os pacientes com sintomas gripais que procurarem a rede municipal. De acordo com a pasta, a testagem é feita pelo método antígeno.
O número de pessoas com sintomas de gripe na rede municipal na primeira quinzena de dezembro representa 82% dos registros nos 30 dias de novembro, segundo dados da secretaria de Saúde.
O ritmo de crescimento nas hospitalizações visto nas últimas duas semanas é equivalente aos primeiros meses de pandemia na cidade e também ao período inicial de circulação comunitária da variante gama, descoberta em agosto, quando houve maior ocupação de leitos de UTI e de enfermaria.
Para Kraenkel, os números são um sinal de alerta e demandam medidas urgentes, como a aceleração da aplicação da terceira dose da vacina e a vacinação de crianças.
Folhapress