Com a temática “Raízes, identidade e patrimônio”, o Fica 2021 tem como foco principal valorizar e resgatar os símbolos que constituem a história da cidade de Goiás. Dentro dessa proposta, a programação da 22° edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental foi criada dando protagonismo para artistas e moradores locais. A iniciativa foi colocada em prática graças a ação do governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc), que este ano é co-produtor do evento, buscando assim, aproximar comunidade e comerciantes da concepção do festival.
A oficina “Cuidando da saúde com plantas do Cerrado”, ministrada pela moradora local Maria Luiza, foi uma das atividades planejadas para valorizar o patrimônio imaterial da cidade.
Com mais de 20 anos atuando como raizeira pela Pastoral da Saúde da Diocese de Goiás, à frente da Casa do Agricultor familiar Dom Tomás Balduíno, Dona Maria se diz muito alegre de poder repassar o conhecimento que ela herdou de seus ancestrais no Fica. “Fico muito feliz porque nós precisamos de jovens para continuar. Nossa missão é repassar esse conhecimento para outras gerações”, comentou ela, mencionando que está à disposição de quem se interessar em aprender mais sobre o assunto.
Ainda se recuperando de um infarto que sofreu recentemente, aos 67 anos de idade ela diz que a motivação em continuar seu trabalho vem da missão de disseminar práticas de saúde àqueles que têm menos acesso. “Conhecer a medicina popular nos faz autores da nossa própria saúde”, ressaltou.
A paixão dela por compartilhar o saber ficou evidente em poucos minutos de oficina. Na sala da Casa do Agricultor Familiar, os participantes responderam a esta dedicação acompanhando atentamente sua apresentação das principais plantas medicinais.
Com voz mansa e paciência para responder todas as perguntas, Maria Luiza conduziu a oficina de forma simpática e acolhedora. Falou sobre o guaco, apresentou as propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes do carajuru, alertou sobre o alto poder diurético do chá de macaco e dividiu relatos sobre as maravilhas que o uxi amarelo oferece à saúde feminina.
Com uma didática intuitiva, ela abriu um momento de troca de experiências e percepções com os participantes, que demonstravam respeito e interesse pela sabedoria popular em saúde repassada pela palestrante.
Após a exposição teórica, a cozinha se transformou em sala de aula prática. Além de mostrar algumas plantas e falar sobre o processo de produção de medicamentos, Dona Maria envolveu os alunos no preparo de um xarope artesanal e de chás.
Um saber que interessa outras gerações
A servidora pública, Ana Beatriz Carvalho, de 35 anos, participou da oficina em busca de novos conhecimentos e se disse realizada com a oportunidade. “Achei muito interessante. Essa difusão dos saberes da terra, desse conhecimento antigo sobre as propriedades medicinais das plantas é de suma importância para o tratamento e prevenção de doenças. Gosto muito do tema e a dona Maria Luiza tem um conhecimento amplo. Foi ótima a oficina”.
Fica 2021
Promovido pelo Governo de Goiás, via Secult Goiás e Sesc, o evento continua até domingo, 19 de dezembro, encerrando com o show do músico Renato Teixeira. Foram investidos R$1,5 milhão pela gestão estadual e quase R$ 340 mil pelo Sesc Goiás.
Neste ano, o formato acontece de forma híbrida: as oficinas e mesas de debate serão realizadas de forma presencial, enquanto as mostras cinematográficas e algumas apresentações artísticas estarão disponíveis nas plataformas digitais. Clique aqui e confira a programação completa.
Informações pelo site fica.go.gov.br