A mineração na Bahia continua em expansão. O faturamento do setor foi de 2,6 bilhões no terceiro trimestre deste ano, conforme dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O relatório mostra que houve um crescimento de 59% em relação ao mesmo período do ano passado, quando os números não ultrapassam os 1,7 bilhão. Isso coloca a Bahia no rol de estados que mais cresceram durante este período, ficando atrás apenas de Minas Gerais e do Pará.
Conforme os dados do relatório, o crescimento se deve principalmente por conta do aumento expressivo no faturamento do minério de ferro, que foi de 167% em comparação com o terceiro trimestre de 2020. Na Bahia, até o mês de outubro, o faturamento das empresas produtoras de minério de ferro ultrapassou os R$ 643 milhões, contra R$ 25 milhões alcançados durante todo o ano passado, representando um crescimento de mais de 2.400% em suas operações, conforme dados da Agência Nacional de Mineração (ANM).
Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, este aumento confirma que a mineração irá ocupar uma posição de destaque cada vez maior no desenvolvimento econômico da Bahia, na geração de empregos e de tributos. “Estudos realizados pela CBPM mostram que o centro-oeste baiano, onde fica Caetité, é rico em minério de ferro, urânio e outros minerais. Na esteira da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), a CBPM já trabalha para atrair mais investimentos para oportunidades identificadas na região e, também, em estudos de novas jazidas minerais a 100 km de distância de cada lado dos trilhos”, afirma Tramm.
Outras commodities produzidas no estado também contribuíram para o crescimento, a exemplo do minério de cobre, que, de acordo com os dados divulgados pelo Ibram, registrou crescimento no terceiro trimestre de 2021 de 43%, em relação ao mesmo período de 2020. No estado, o aumento do faturamento, até outubro, foi de 34%, em comparação a todo o ano passado.
Exportações e Logística
As exportações também foram importantes para o desenvolvimento do setor e, conforme o relatório do Ibram, de janeiro a setembro de 2021 totalizam US$ 46 bilhões, 84% maiores do que no mesmo período de 2020 (US$ 25 bilhões). Já as de minério de ferro de 2021 são 110% maiores do que no mesmo período de 2020. Nos 1º, 2º e 3º trimestres de 2021 totalizam US$ 36,5 bilhões, e, no mesmo período de 2020, US$ 17,4 bilhões.
Os números são animadores e os trilhos da primeira etapa da FIOL vão de Caetité ao Porto Sul, em Ilhéus, deve colocar a Bahia no seleto grupo de exportadores nacionais de minério de ferro, commodity que representa aproximadamente 4% do PIB brasileiro. No entanto, há um caminho longo a percorrer no que se refere à logística para impulsionar ainda mais a exportação da produção baiana.
A mineradora Brazil Iron, por exemplo, no intuito de solucionar o problema de logística, solicitou permissão ao Ministério da Infraestrutura (Minfra) para implantar um ramal ferroviário e um terminal ferroviário privado. O projeto, a ser desenvolvido inteiramente com capital privado, proporcionará o escoamento do minério de ferro produzido em Piatã-BA, na Chapada Diamantina.
O interesse em investir na malha ferroviária baiana mostra a importância do modal para o desenvolvimento da mineração. Atualmente a Bahia sofre com a inexistência ou má conservação das linhas ferroviárias já existentes. Cenário este que irá melhorar com a conclusão da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), porém ainda muito prejudicada com os trechos da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica) que estão inoperantes ou com manutenção inadequada, conforme os dados de um relatório interno elaborado em novembro do ano passado na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Atualmente o transporte até os portos da produção de minério de ferro da Bahia é feito por caminhões. “Transportar de caminhão é caro, demorado, acaba com as estradas e polui muito mais do que se fosse transportado por trem. Ainda é preciso levar em consideração que o que existe está em péssimas condições. Precisamos de trem em boas condições”. Defende o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, que esta semana enviou um ofício para a ANTT cobrando um posicionamento do órgão sobre a atuação da VLI, concessionária da ferrovia FCA, e também denunciando os dois recentes acidentes que aconteceram nos últimos meses em trechos baianos da FCA. Um no dia 05/11/2021, envolvendo um trem de transporte de minério de ferro num trecho entre o distrito de Ourives e a cidade de Tanhaçu, e o outro no dia 23/10/2021, envolvendo trem de transporte de cimento, dentro do município de Brumado.