Neste início de mais um Novembro Negro, a vice-presidente da Comissão de Reparação e presidente da Comissão da Mulher, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), destaca que muitas pessoas negras, com trajetória de destaque nas mais diversas áreas, inclusive na luta contra o racismo, foram esquecidas e apagadas ao longo do tempo. De acordo com a republicana, o apagamento histórico é mais uma prática perversa do racismo.
“O ensino da história nas escolas limita-se a ressaltar a importância majoritária de homens brancos, a maioria deles aristocratas, em eventos que marcaram a construção do nosso país. Raramente são citadas pessoas negras e, quando isso ocorre, muitas vezes é de forma negativa ou menor. Os heróis negros do Brasil sofreram um processo de apagamento histórico motivado pelo racimo estrutural. Zumbi dos Palmares é uma exceção”, diz Ireuda.
A republicana cita o exemplo da professora Antonieta Barros, deputada negra de 1935, desafiando a discriminação de um estado majoritariamente branco, Santa Catarina; Luiz Gama, ex-escravizado, um dos maiores poetas brasileiros, porém pouco falado; Machado de Assis, o principal escritor brasileiro que, apesar de muito famoso, foi “embranquecido”, tendo escondidas suas raízes afrodescendentes; e Pretextato dos Passos, que abriu a primeira escola para crianças negras no país, em 1885.
Conquistas
Ireuda enxerga avanços nos últimos anos no combate ao racismo. Muitos espaços foram conquistados, inclusive pelas mulheres negras. Além disso, houve aperfeiçoamento na legislação. Na última semana, por exemplo, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu tornar imprescritível o crime de injúria racial, equiparando-se ao crime de racismo. Com isso, aumenta-se a rigidez da punição contra quem pratica ofensas raciais. “A diferença que antes havia na lei dava margem para muitos racistas de plantão. Agora, esperamos que não haja mais desculpas para que a lei não seja cumprida”, acrescentou.