No mês em que o Colégio Estadual da Bahia (Central) completa 184 anos, a unidade escolar recebe investimentos de R$ 588.210,85 em serviços de recuperação da fachada, incluindo pintura do prédio e gradis, revisão e impermeabilização da cobertura e recuperação estrutural do bloco Conceição Menezes. As medidas visam a preservação desse que é considerado um patrimônio educacional, histórico, arquitetônico e cultural da Bahia.
A estudante Natasha Alves, 17 anos, do 2º ano do Ensino Médio, falou da alegria de estudar em um ambiente com tantas referências. “Sinto-me privilegiada por estudar neste ambiente tão rico em cultura e história e toda reforma é importante. Seja algo simples ou minucioso, percebemos que por trás da ação tem pessoas buscando melhorias e cuidando de um patrimônio do povo baiano”.
A diretora Rosenita Mesquita de Santana destacou a dimensão do Central para a educação dos baianos. “O Colégio Central incide na trajetória da educação baiana por se tratar da mais antiga instituição de ensino pública do Estado. Seu conjunto arquitetônico é um testemunho da trajetória pedagógica do colégio e requisita este olhar mais sensível e cuidadoso para a sua preservação. Neste sentido, o serviço de recuperação geral das fachadas dos pavilhões do ambiente beneficia o seu patrimônio material, já contemplado com a abertura do processo de tombamento, tanto pelo município, através da Fundação Gregório de Mattos, quanto pelo Estado, com o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC)”.
O professor de Geografia, Martonio Ferreira Sacramento, 29 anos de atividades na escola, ressaltou que o Central está relacionado com a vida de milhares de estudantes da capital e vindos do interior. “O Colégio Central é um referencial para a Educação não apenas da Bahia, mas também do Brasil. Ele representa a história e a cultura soteropolitana. As obras para a recuperação de seu patrimônio arquitetônico se tornam muito significativas e representam o reconhecimento da importância do espaço. Eu tenho a honra de estar contribuindo com a comunidade escolar e para a formação de várias gerações de estudantes”.
O diretor geral do (IPAC), João Carlos de Oliveira, que é arquiteto, explica que, além do valor histórico, o colégio é constituído por um conjunto arquitetônico que testemunha a evolução dos estilos. “Os pavilhões foram construídos em épocas e linguagens arquitetônicas diversas. Passando pelo estilo Art Déco e chegando ao Modernismo, os edifícios preservam não só os partidos arquitetônicos e os estilos de tais linguagens, como também diversos elementos secundários, como escadas, esquadrias, pisos, forros, gradis, pinturas parietais, além de uma considerável coleção de mobiliário, objetos e equipamentos”.
História – O Central é o primeiro colégio público de Ensino Médio da Bahia, criado em setembro de 1837. Atualmente, a unidade oferece Educação em Tempo Integral e sedia o Centro Juvenil de Ciência e Cultura (CJCC), que oferece cursos e oficinas para estudantes da rede estadual de ensino. Em quase dois séculos de história, passaram pelo Central professores ilustres, como o padre Doutor Antônio Joaquim das Mercês, Luiz Vianna Filho, Edgar Santos, Severino Vieira e Carlos Corrêa de Menezes Sant´Anna. Entre os estudantes mais famosos, destaque para Glauber Rocha, Calazans Neto, Carlos Marighella, Raul Seixas, João Ubaldo Ribeiro e Waldir Pires.
Biblioteca com livros raros – O acervo da Biblioteca do Central é composto por seis mil volumes. A biblioteca reúne obras como a Flora Brasiliensis (1840), editada pelos alemães Carl Friedrich Philipp Von Martius, August Wilhelm Eichler e Ignatz Urban, com a participação de 65 especialistas de vários países. A obra é, até hoje, a principal referência dos pesquisadores no estudo da flora brasileira, especialmente na floresta amazônica. O acervo guarda, ainda, volumes da História da Colonização Portuguesa no Brasil (1921), de Carlos Malheiros Dias, e The History of the Other Great Empires of Asia (1798), entre outras obras.
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