Brincar, correr, interagir com outras pessoas, ir para a escola. As atividades cotidianas das crianças foram interrompidas por conta da pandemia e ainda foram introduzidas mudanças como aulas online, isolamento social e novas rotinas. De acordo com a coordenadora do curso de Especialização em Psicomotricidade da Unijorge, Jeane Rodella, ainda não há estudos conclusivos sobre o impacto desse período no desenvolvimento da primeira infância. No entanto, é possível refletir sobre as repercussões que a pandemia está tendo na vida da população, especialmente das crianças. A especialista explica que é nessa época do crescimento que acontecem “turbilhões de desenvolvimentos”, com grandes aquisições que deverão acompanhar o indivíduo no resto da vida, como falar, andar, regular ciclos de sono e a alimentação, por exemplo. A mudança no contexto social pode acarretar níveis altos de estresse, impedindo o desenvolvimento pleno.
Para ajudar as crianças nesse processo, a professora e psicomotricista afirma que é preciso o estímulo através de brincadeiras e sugere atividades que podem ser realizadas em família e que ajudam no desenvolvimento psicomotor infantil: Brincadeiras de esconde-esconde; Jogos de imitar sons de animais, mímicas, estalar a língua, imitar sons com a boca; Cantar com voz grossa e fina, bem rápido ou devagar; Montar cabaninhas com cadeiras, caixas e fazer a criança passar por dentro; Empilhar caixinhas, ou tampas e brincar de enchê-las com objetos, são alguns exemplos.
Música e livros são ótimos também para este fim, e os pais podem ouvir música e dançar com os filhos, podem fazer brincadeiras com cantigas que vão falando sobre as partes do copo; Contar histórias infantis mudando tom de voz ou mesmo vestindo alguma coisa que lembre algum personagem; Exercer também momentos de relaxamento, estimulando a ficar em silêncio e a respirar fundo três vezes ajuda também na concentração, ou seja, continuar mantendo a rotina, mas explorar a criatividade e estimular a linguagem e o movimento.
Outro aspecto importante é o acompanhamento dos pais ou responsáveis na rotina das atividades da criança na escola. Os tutores devem separar um momento para checar as tarefas, ajudar nos trabalhos escolares e observar o desempenho das crianças durante as aulas. Comportamentos diferentes também devem ser observados, como problemas de atenção, de sono ou apetite e agressividade ou agitação. Além disso, medos exacerbados de ser contaminado, de sair na rua ou de espaços abertos e regressões no comportamento, pois há casos que é necessário uma avaliação multidisciplinar e acompanhamento com tratamento terapêutico adequado e o psicomotricista é um dos profissionais qualificados.
É preciso ressaltar a importância do protagonismo da família no processo do desenvolvimento infantil. A mãe, em geral, é quem mais a observa e é quem primeiro percebe que seu filho apresenta algum atraso no desenvolvimento. Portanto, ouvir os pais é de grande relevância nesse processo de identificação de sinais de alerta. Destacamos ainda que é preciso sempre levar em conta o meio e a cultura em que se encontra inserida, bem como os recursos de que dispõe. Observar no contexto de vida das famílias e possibilidade de pensar na criança dentro das condições e realidade, levando-se em conta os fatores ambientais e a individualidade de cada criança.