O aumento da tarifa de ônibus para R$4,20, anunciado pelo prefeito ACM Neto, tornará Salvador líder no ranking da tarifa mais alta entre as noves capitais do Nordeste e uma das mais caras do Brasil. Entre as capitais nordestinas, a cidade ocupa o quinto lugar no índice de rendimento médio por residência, atrás de Recife, João Pessoa, Aracaju e Natal, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A vereadora Aladilce se posicionou contrária à medida. “Salvador é uma cidade pobre, com uma taxa de informalidade em torno de 30% e um índice de desocupação de 16%, o que a coloca como a terceira maior cidade com maior número de desempregados do país, perdendo apenas para Manaus e Macapá. E, em meio a esse cenário tão difícil para a população, o prefeito quer aumentar a passagem para R$ 4,20?”, questiona a vereadora.
Aladilce destacou ainda que, com o reajuste, o cidadão vai pagar R$8,40 por dia para ir a seu destino e, depois, voltar para casa. Para o trabalhador, que precisa se deslocar 22 dias ao seu ao emprego, o custo mensal será de mais de R$180 reais. A vereadora ressalta ainda que, em agosto do ano passado, quando a Prefeitura pretendia subir a tarifa, estudos realizados por instituição contratada pelo próprio ACM Neto indicaram o valor de R$4,12 como o adequado para a renda dos moradores. “O prefeito vai fazer a população pagar por uma passagem pela qual, comprovadamente, não tem condição de custear? E vai subir para R$4,20 sem apresentar dados que justifiquem o aumento?”, argumenta.
Em agosto do ano passado, a Prefeitura concedeu isenção de impostos em torno de R$ 300 milhões aos empresários do transporte público para que, justamente, não houvesse alteração da tarifa. “A Prefeitura favoreceu o setor com uma renúncia de grande impacto aos cofres públicos sem dar qualquer contrapartida social, como por exemplo, o passe livre para estudantes e a tarifa social para os desempregados”, critica.
Diante da inexistência de auxílio à população no acordo, feito ano passado pela Prefeitura e empresários, Aladilce considerou desrespeitosa a justificativa da Secretaria Municipal de Mobilidade para majorar a tarifa. “O órgão responsabiliza a gratuidade pelos ‘prejuízos’ alegados pelos empresários aos seus lucros”, avalia.
Aladilce reclamou ainda das péssimas condições estruturais da frota de transporte de Salvador. “Todos os usuários do sistema se queixam da sujeira e da falta de manutenção dos ônibus. E por falar nos ônibus, cadê os 51 veículos com ar-condicionado, do total dos 250 anunciados pelo prefeito em 2019? Estão circulando apenas 199 veículos com ar pela cidade”, finaliza.