Conheci as Obras Sociais Irmã Dulce no mês de fevereiro de 2015. Naquele ano fui enviado para ser voluntário no Hospital Santo Antônio, hospital esse que nasceu de um galinheiro pelo anseio da querida Bem-aventurada. Tudo para mim era motivo de curiosidade e espanto. Esses sentimentos aos poucos eram traduzidos em admiração e muito, mas muito respeito por um grande legado que me alcançava naquele instante. Estar ali, pisar ali, conversar com aquelas pessoas necessitadas, com a equipe médica, os colaboradores e os assistentes religiosos – os frades Capuchinhos – toda sexta-feira, era motivo de renovação para meu espírito e minha fé.
O ano foi passando e concretizando toda minha satisfação de poder escutar as pessoas que encontrava. Fiquei um período no centro pediátrico e no findar do voluntariado fui encaminhado para o setor de oncologia. O Hospital Santo Antônio, legado de Ir. Dulce ao mesmo tempo que era para alguns o calvário da vida, para outros era a ressurreição, o início de uma nova vida. Pude notar em cada olhar o sinal da esperança e da fé acesa como uma vela que não cessa de iluminar e dizer que chegaremos à luz.
No setor pediátrico, pude conhecer várias famílias, mães e pais que incansavelmente estavam ali para socorrer seus filhos. Os mesmos que bateram à porta das Obras Sociais, nunca obtiveram um Não, mas sim, um lugar para amenizar a dor e ver chegar a cura de seus filhos. Lembro muito bem de um menino chamado João (Nome Fictício), que estava ali há mais de dois anos. A mãe me contara que o mesmo era saudável, brincava como todas as crianças, mas que por um descuido caiu em um poço e ficou em um estado vegetativo. Lembro-me olhando para aquela criança que conversava comigo somente pelo olhar.
No setor oncológico, a esperança em viver, a fé acima de tudo movia aquela ala. Famílias e mais famílias reunidas para acalentar e agradecer por um dos seus familiares ali internado ter mais um dia de vida. Foi o lugar mais marcante na minha passagem pelo Hospital Irmã Dulce. Em uma sexta-feira que encontrava Dona Maria – por exemplo – na outra sexta quando retornava, lá ela não estava mais. O câncer era o inimigo, era aquele que fazia dos frágeis seres humanos, fortes apesar do apesares. Pude ver muitos saírem curados, alegres por terem vencidos o tratamento. Na ala Nossa Senhora de Fátima, o câncer é derrotado todos os dias e sim, foi nessa Instituição que conheci Irmã Dulce na pessoa de cada um que ali está. Como não lembrar do asilo que tem dentro do próprio hospital? Da ala de acolhimento às pessoas com deficiência? Das enfermarias? Do centro de ortopedia e recuperação pós cirúrgica? Do centro de recuperação de dependentes químicos? Os quadros com a imagem de Irmã Dulce dizendo: continuo presente… me fazia confiante na cura de todos que ali estavam.
Essa semana fomos pegos de surpresa ou não. Quem é católico sabe que para uma pessoa ser considerada santa, elevada aos altares, canonizada, o processo é muito longo. São médicos, juristas e pesquisadores que estão a frente para atestar que realmente o fenômeno levado à análise é considerado um milagre, algo sem explicação para a ciência. Foi o que aconteceu recentemente com mais um milagre reconhecido pelo Vaticano à Ir. Dulce. Agora, nós baianos entregamos ao Brasil uma pessoa que há muito tempo já é santa para nós. Afirmo com total convicção: O legado deixado por Irmã Dulce é a sua maior demonstração de milagre nessa terra. Que a Bem-aventurada Dulce dos Pobres, nossa futura Santa Dulce dos pobres, posso interceder por ti e pela sua família. Que possa dar coragem e ânimo aos necessitados que na sua porta ainda batem e que faça sua Obra chegar cada vez mais aos que mais precisam.
Por Mateus Mozart Dórea – Filósofo pelo Destino – Graduando em Direito pela Universidade Católica do Salvador.