O senador Angelo Coronel, PSD-BA, discursou nesta 4ª feira, 13, na Tribuna do Senado. O senador está preocupado que o Governo Federal possa tirar incentivos à Ford em Camaçari. Leia a íntegra do discurso.
“Senhor presidente, excelentíssimos senadores.
Peço licença para ocupar essa tribuna e tratar de um assunto muito importante para minha querida Bahia.
Foi com grande tristeza e preocupação ainda maior que nesta 3ª feira, 12/3, recebemos a confirmação do fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo.
Ainda havia uma última esperança de que a montadora pudesse rever a decisão, mas pelo que anunciou o próprio sindicato dos metalúrgicos do ABC, não há mais jeito: a fábrica vai fechar as portas.
Três mil trabalhadores e trabalhadoras estarão na rua em breve, em um país que não apresenta reação convincente aos números do desemprego.
Será que a Ford, sinônimo de qualidade, motores potentes, tecnologia de ponta, referência de uma das fatias mais representativas da indústria mundial e nacional, está começando a se despedir do Brasil?
Me angustia pensar que isso possa de fato acontecer, senhor presidente.
Como homem público, o Brasil é minha preocupação maior, e como senador eleito pelo povo para representar nesta casa o meu estado, a Bahia recebe minha preocupação particular.
E devo confessar, angustiado, que não gostei nem um pouco do que li na imprensa local no último sábado.
Uma reportagem informava sobre reunião entre representantes da empresa e do Governo Federal, na qual estes últimos cobravam da Ford a chamada responsabilidade social perante o desemprego que o fechamento da fábrica em São Bernardo causará.
Alegaram que a montadora recebe benefícios fiscais do Governo Federal e aí, nesse ponto, entra minha preocupação.
De acordo com a reportagem, o secretário de Produtividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, citou o caso específico da fábrica da Ford em Camaçari e quem estava nessa reunião disse aos jornalistas que a coisa soou como uma ameaça velada à unidade da montadora em meu estado, beneficiada por incentivos tributários e pela recente prorrogação do regime especial automotivo do Nordeste até 2025.
A Fábrica da Ford em Camaçari começou a operar em 2001, transformando de vez a região, que, para quem não conhece, fica a 50 quilômetros de Salvador.
Qualquer ameaça que possa haver aos incentivos para que a fábrica se sustente em Camaçari é muito mais do que uma ameaça dirigida à Ford.
É uma ameaça a mais de 7 mil e setecentos pais e mães de família que trabalham diretamente para a unidade de Camaçari, mais do que o dobro de São Bernardo.
Fora estes, são mais 77 mil empregos indiretos, criados e mantidos por causa da Ford, que emprega 90% da mão de obra da região, especialmente Camaçari e Dias D’Ávila, além de ser a responsável pela melhoria da infraestrutura, do transporte, educação, saúde e comunicação.
Nem quero pensar, senhor presidente, que o governo possa, com a desculpa de cobrar responsabilidade social da Ford, cortar os incentivos fiscais da Ford em Camaçari, disfarçando dessa forma uma vingança contra a Bahia.
Querendo acreditar que sinceramente o desejo do Planalto não é se vingar do eleitor baiano, deixo aqui, humildemente, mas com a autoridade que me concedeu o povo do meu estado, um lembrete de que o Presidente é Presidente de todos os brasileiros, inclusive dos que não acreditaram que ele possa fazer um bom governo.
Um lembrete de que, no caso particular da Ford em Camaçari, prejudicar a empresa lá naquela região é arriscar deixar sem o pão de cada dia milhares e milhares de trabalhadoras e trabalhadores.
Não poso me calar.
Irei lutar veementemente pela manutenção da Ford no eu estado porque a Ford na Bahia mudou a história daquela região
Muito obrigado!”
FOTO: ANA LUIZA SOUSA