O prefeito ACM Neto (Democratas) concedeu ontem uma longa entrevista para a Rádio Metrópole FM, onde falou sobre as perspectivas do governo de Jair Bolsonaro (PSL) e mudanças no Executivo municipal soteropolitano. Logo no início da entrevista, o gestor defendeu o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM). “As conversas que tive com ele após a eleição foram positivas. Inclusive, tivemos uma reunião formal e ele mostrou estar com a cabeça muito organizada, consciente do tamanho do problema e disposto a conversar”, iniciou, destacando os desafios que a próxima gestão federal terá de enfrentar. “O grande desafio para o presidente eleito é conseguir costurar uma articulação política que viabilize maioria, que dê condições para garantir a maioria na Câmara, sem manter aquelas mesmas e velhas práticas da política que o cidadão não aceita mais. Felizmente, a composição até agora está fugindo da política do ‘toma lá, da cá’. Ele vai ter um grande desafio, é impossível o Executivo caminhar sem o Legislativo”, avaliou.
Ele também se disse contra indicações ideológicas para tocar as Relações Exteriores. “Não gosto de prejulgar ninguém, mas existem coisas que não podemos aceitar. Acho até louvável que o presidente eleito queira retirar o viés ideológico das escolas que o PT colocou. Mas não pode ir para os extremos. Não se pode imprimir uma ideologia de direita no Ministério das Relações Exteriores. O Brasil precisa ampliar sua balança comercial. A China hoje é essencial para as commodities do Brasil”. Sobre o cenário político local, Neto anunciou que deve mudar quatro ou cinco nomes do primeiro escalão da prefeitura de Salvador até o próximo dia 15 de dezembro. “Já queremos começar o ano com time novo, já escalado. A espinha dorsal irá permanecer. Normalmente, a cada dois anos, procuro renovar alguns setores, trazer gente nova e ideias novas. Se tem uma coisa que não me falta é disposição e tesão para fazer o melhor trabalho”.
Sobre a eleição na Assembleia Legislativa da Bahia, o gestor alfinetou o governador Rui Costa (PT). “Mesmo sem ele querer, a oposição está interferindo. Tem coisas que o governador não conduz com a rapidez necessária. Temos 19 deputados [que votam em Nelson Leal], que têm o mesmo voto do governo, é uma coisa meio ditatorial, meio imperador. Ele precisa entender que as sandálias da humildade têm que ser calçadas”.
Por Henrique Brinco, Tribuna da Bahia