“Primeiros ensaios…. conversando com Frantz Fanon!”
Evento será a primeira etapa da seleção de audição da montagem Peles Negras, Máscaras Brancas e é uma realização do Fórum Negro das Artes Cênicas e da Cia de Teatro da ETUFBA
Serviço
O quê: Primeiros Ensaios … conversando com Frantz Fanon
Quando: 04 e 05 de outubro – quinta-feira, da 09h às 17h; sexta-feira, das 09h às 12h
Onde: Auditório da Faculdade de Comunicação da UFBA (Ondina)
Inscrições: www.etufba.com.br
Atualmente, o livro Pele Negra, Máscaras brancas (1952), do filósofo e psiquiatra Frantz Fanon, se constitui em leitura obrigatória para aqueles que lutam contra o racismo. Por tal razão, obra e autor foram escolhidos para serem os disparadores da próxima montagem da Cia de Teatro da UFBA ano 2018, que terá direção de Onisajé (Fernanda Júlia) e é uma das ações do 3° Fórum Negro das Artes Cênicas (FNAC).
Para isso, a Cia de Teatro da Universidade Federal da Bahia (ETUFBA) e comissão organizadora do FNAC realizarão o encontro Primeiros Ensaios … conversando com Frantz Fanon que ocorrerá nos dias 04 e 05 de outubro de 2018, no Auditório da Faculdade de Comunicação da UFBA (Ondina), das 09h às 17h, no primeiro dia, e das 09h às 12h, no segundo dia.
O evento será direcionado a pesquisadoras e pesquisadores que se dedicam aos estudos das teorias do filósofo, psiquiatra e revolucionário na Literatura, Psicologia, Antropologia e Teatro Frantz Fanon. O evento propõe uma ação crítica de reflexão e compreensão sobre o porquê da criação do espetáculo e a importância deste filósofo francês. O objetivo é rever pensamentos e recontar a história pela perspectiva da filosofia e das culturas negras.
Além disso, o encontro é imprescindível para as atrizes e atores que pretendem se inscrever para audição de seleção do espetáculo homônimo Pele Negra, Mascaras Brancas, nos dias 22, 23 e 24 de outubro de 2018, das 09h às 12h, na sala 104, no PAF V (Ondina/UFBA), sendo a primeira etapa do processo. Para se inscrever, para o encontro e audição, os interessados devem acessar ao site da Escola de Teatro da UFBA (www.etufba.com.br).
A audição é direcionada a estudantes dos cursos de Artes Cênicas e Bacharelado Interdisciplinar em Artes da UFBA, além de artistas profissionais, com idade superior a 18 anos. As inscrições acontecerão até 03 de outubro de 2018 e para participar basta se inscrever através do site da ETUFBA e produzir um vídeo curto de 02 minutos descrevendo trajetória/experiência e expectativas/interesses em participar do projeto.
Para tanto, a partir dos inscritos, serão pré-selecionados 30 pessoas para a audição. O resultado desta pré-seleção será divulgado no dia 18 de outubro de 2018, no site da Escola. No final, 09 atores/atrizes serão selecionados para integrar o elenco de Pele Negra, Máscaras Brancas.
Os ensaios acontecerão entre dezembro de 2018 e março de 2019, com encontros de segunda a sexta, no horário das 08h às 13h, na UFBA. A estreia acontecerá em março de 2019 seguindo em temporada até meados de abril de 2019, no Teatro Martim Gonçalves. Dúvidas e informações através do e-mail [email protected].
Para uma das coordenadoras da terceira edição do Fórum, Alexandra Dumas, na medida que há disponibilidade da Cia de Teatro da ETUFBA em montar um projeto que tem como ponto de partida uma obra de Fanon, “essa universidade mostra uma parte de sua responsabilidade social, principalmente, por colocar como extensão um espetáculo comprometido com questões raciais”.
FNAC
Este seminário sobre Frantz Fanon e a montagem teatral são as primeiras atividades preparatórias do 3º Fórum Negro de Artes Cênicas, que será realizado na terceira semana de março de 2019, com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC) e coordenação de Alexandra Dumas e Licko Turle. A terceira edição pretende expandir suas ações para além da Dança e do Teatro e se aproximar às Escolas de Música, Comunicação, Literatura e Artes Visuais.
O primeiro Fórum Negro foi coordenado pela professora Evani Tavares (UFSB), Mabel Freitas e Fabrícia Brito, em fevereiro de 2017; a segunda edição ocorreu em abril de 2018 sob a coordenação dos professores Érico José e Licko Turle (PPGAC/UFBA), com uma comissão organizadora formada por alunos, técnicos e professores da Escola de Teatro, do IHAC e da Escola de Dança.
O FNAC se constitui metaforicamente como um quilombo, revisando suas fronteiras históricas. “A releitura da imagem do quilombo se faz necessária no sentido de reunir um agrupamento de pessoas interessadas em combater o racismo social, acadêmico, assim como repensar as estratégias de fuga de uma produção de conhecimento colonizadora e reprodutora de injustiças e tristezas sociais”, descreve Alexandra Dumas, coordenadora do 3° FNAC.
Levando-se em conta que, a questão do racismo é um ponto elementar na discussão histórica brasileira, o FNAC, na sua terceira edição, vem se constituindo e alargando suas fronteiras e estabelecendo contatos com pesquisadorxs, artistas e professorxs negras e negros. “O intuito é formar grupos solidários na produção de artes, conhecimentos e pedagogias que possam intervir em relações de ressignificação do processo colonizador e exterminador aplicado às culturas negras no Brasil”, exclama Dumas. .
Programação
A abertura do encontro ocorrerá às 09h do dia 04 de outubro, em que será lançado o 3º FNAC 2019 – Fórum Negro das Artes Cênicas. Às 09h30, Primeiras palavras …. a Companhia de Teatro monta Fanon com Onisajé (Fernanda Júlia – diretora da montagem Pele Preta, Máscaras Brancas), Licko Turle (Codireção) e Luiz Antônio Sena Jr. (Produtor). (Programação completa com currículos de palestrantes em anexo)
Onisajé, que também é diretora teatral do Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas e é doutoranda pelo PPGAC/UFBA, com pesquisas no campo do teatro negro e do Candomblé, conta que a ideia de montar o espetáculo é uma proposição do professor Licko Turle, com que dividiu a disciplina Teatro da Diáspora Afrodescendente, na ETUFBA. “Apresentamos a proposta à Cia de Teatro da UFBA, com o objetivo de realizarmos uma montagem negra”, descreve.
O livro Pele Negra, Máscaras Brancas é a base da dramaturgia da montagem, a ser escrita por Aldri Anunciação, além de dá nome ao espetáculo. “É um clássico da nossa literatura antirracismo. Um material teórico que aprofunda e dá conhecimento aos efeitos do racismo, seu cunho danoso e adoecedor. O livro, que é a tese de doutorado reprovada de Fanon e posteriormente publicada é uma análise teórica, psicanalítica, histórica e sociológica do racismo”, esclarece a diretora.
Ela acrescenta que a obra é uma reflexão necessária num espaço de formação como a Escola de Teatro da UFBA, assim como em toda a UFBA e a universidade brasileira. “Por isso, decidimos realizar o encontro, pois é muito importante que os atuantes cheguem a audição nutridos e munidos das discussões, problematizações e reflexões que esta obra traz”, enfatiza.
Licko Turle, professor visitante do PPGAC com pesquisas em Teatro do Oprimido, Teatro de Rua e Teatro Negro, afirma que a intenção de trazer esta obra e a filosofia de Fanon é mostrar o racismo a partir de uma visão psicológica. “Para Fanon, o racismo enlouquece. Ele faz com que um homem negro coloque uma máscara branca para poder viver e sobreviver no mundo branco. Tudo que vivemos, conhecemos como filosofia, arte, comportamentos, moral, etc., está sob o signo branco. Isto nos torna estrangeiro no mundo”, descreve Turle, que abordará na mesa o FNAC e as suas propostas para consagrar a representação negra na Escola de Teatro.
Às 10h, a mesa Tradução ou Traição? Abrindo a página com os professores em língua francesa Edson Cesar e Lucas Silva. A mediação é de Amanda Oliveira, mestranda do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (POSAFRO/ FFCH/UFBA).
Mestrando em Literatura e Cultura: Tradução Cultural em Língua Francesa, pela UFBA, Edson César declara que Fanon é um intelectual negro ainda muito recorrente por suas ideias manifestamente antirracistas e anticoloniais. “Desde o lançamento de Peles Negras, Máscaras Brancas muitas obras de arte em áreas diversas como músicas, filmes, performances, montagens cênicas e etc. foram criadas a partir desse texto”.
Na sexta-feira (05), às 09h, a atriz Mônica Santana e ator Ângelo Flávio participarão da mesa Frantz Fanon entra em Cena. Santana – atriz, educadora e jornalista – já atua na cena artística com espetáculos que, dentre outras referências, se fundamenta no pensamento de Fanon. Para ela, Frantz Fanon é um dos pensadores mais importantes das discussões sobre descolonização nos anos 50 e 60, sendo fundamental para pensar os processos de ruptura com os modelos coloniais.
“Fanon não era só um pensador, mas um homem prático. Um psiquiatra que vai a Argélia para atuar nos manicômios e vê os impactos gerados pela guerra de descolonização. Mais do que pensar especificamente em questões raciais, Fanon questiona a condição subalterna do sujeito colonizado”, pontua a atriz de Isto não é uma mulata e Sobretudo Amor, ao acrescentar que Fanon não era dramaturgo, nem era ligado às artes dramáticas e sim “um psiquiatra que ousou escrever de modo poético sua tese de doutorado”, reforça a interprete, que atualmente é doutoranda em Artes Cênicas, pelo PPGAC.
A mediação desta mesa é de Mabel Freitas – doutoranda no Programa Multidisciplinar e Multi-institucional em Difusão do Conhecimento (UFBA), além de pesquisadora do Teatro Negro Brasileiro e professora universitária. O Primeiros Ensaios … conversando com Frantz Fanon é uma organização do Fórum Negro das Artes Cênicas e produção DA GENTE Produções.
Comitê
O seminário tem um Comitê Científico composto por pesquisadores responsáveis por avaliar o mérito científico dos trabalhos que integram a programação. O grupo respalda os temas abordados pelas mesas, podendo recomendar que os trabalhos possam integrar dossiês para publicação científica.
O Comitê assegura que todas os comunicadores foram convidados por critérios científicos e de notório saber diante do objeto de discussão em questão. O professor e doutor Stênio José Paulino Soares é o coordenador do Comitê. Integram ainda os professorxs Alexandra Dumas, Célida Salume Mendonça, Daniela Amoroso, Érico José de Oliveira, Jesiel Oliveira e Licko Turle.