A cada dois segundos, uma mulher é vítima de agressão. A cada oito segundos, vítima de violência física. A cada 23 segundos, sofre uma tentativa de espancamento ou estrangulamento. E, a cada dois minutos, uma mulher é vítima de arma de fogo. Na semana em que celebramos os 12 anos da Lei Maria da Penha, constatar esses dados torna a comemoração pesada.
Há mais de uma década a lei protege a mulher, mas ainda precisa ser aplicada em sua totalidade. Precisamos conscientizar as mulheres sobre todas as formas de agressão e encorajá-las a denunciar seus agressores. Não descansaremos enquanto uma mulher que seja precisar ser alertada quanto aos sinais e as facetas que a violência doméstica apresenta, no conjunto que engloba a violência física, sexual, psicológica, moral e patrimonial.
Na manhã desta terça-feira, 7 de agosto, no mesmo momento em que conversava com um comandante da Polícia Militar sobre mulheres mortas no bairro de Pernambués, na Rua Saturno (localidade em que estamos ajudando a melhorar a infraestrutura), mais uma mulher, de 32 anos, era vítima de tentativa de homicídio. A vítima foi atingida por cinco facadas desferidas pelo seu companheiro, que também agrediu o filho dela de apenas 5 anos. A situação tem se tornado insustentável. Não podemos nos calar e, sobretudo, precisamos agir.
Os noticiários mostram inúmeros casos de mulheres assassinadas diariamente. Desnecessário e impossível citar todos. Basta ligar agora a TV ou recorrer à internet que seremos bombardeados com os últimos casos. Alguns com maior repercussão, como o da advogada Paranaense ou da esposa morta pelo marido PM no Distrito Federal. Outros menos divulgados, porém todos de igual importância para nós, que lutamos diariamente por políticas públicas voltadas para as mulheres.
Mulheres estão morrendo e engrossando as estatísticas. Seja por violência doméstica ou pela violência urbana mesmo, resultado de sucessivos fracassos das políticas de segurança pública implementada em nosso país, como foi o caso da soldado da PM Juliane Duarte, em São Paulo.
Como mulher, como parlamentar, me solidarizo com as famílias de todas essas vítimas, em especial da soldado Juliane, pois, além da mulher, também foi morta pela condição de policial militar. É um braço do Estado que é ferido. Tenho um carinho especial pelas profissionais, inclusive com projetos sancionados de valorização para policiais militares aqui de Salvador, como um dia dedicado municipal dedicado a elas.
Há um mês assumi a coordenação municipal do PRB Mulher, que é mais um instrumento em favor das mulheres de Salvador e que compõe toda essa rede de apoio e assistência. Fica aqui a solidariedade, mas também um apelo para que seja feita a denúncia, através do número 180. O registro não deve ser apenas por parte das vítimas, mas a partir de qualquer pessoa que presencie um ato de violência contra uma mulher.
Temos projetos e ações em andamento, mas a participação de cada uma de vocês, mulheres de Salvador, é importantíssima para que nossos objetivos sejam alcançados. Precisamos nos juntar para fortalecer o enfrentamento e combater qualquer forma de violência contra a mulher.
ARTIGO
Vereadora Rogéria Santos