Os sentimentos de satisfação e de sonho realizado foram predominantes para os jovens presentes na Casa do Estudante Quilombola – Ilha de Maré, inaugurada pela Prefeitura nesta terça-feira (10), na Rua Doutor Otaviano Pimenta, em Matatu de Brotas. Inédita no Brasil, a estrutura tem capacidade para abrigar 30 estudantes universitários quilombolas que residem em Ilha de Maré – uma das três pertencentes ao município – e que cursam o ensino superior em Salvador. Simbolicamente, as chaves do imóvel foram entregues pelo prefeito ACM Neto a Renato das Neves, de 31 anos, um dos estudantes residentes na casa.
Neves, que cursa Ciências Sociais na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), relatou como a casa vai ajudar os estudantes na conclusão dos estudos. “A rotina era muito difícil. Tinha que acordar às 4h, pegar o barco das 5h para chegar na Uneb às 7h. Ou seja, sempre chegava atrasado e não pegava a aula completa. Quando o mar estava revolto, então, a gente não conseguia atravessar. Esta casa é muito boa, é um sonho. Estou emocionado porque agora fica muito mais fácil para os jovens de Ilha de Maré estudar em Salvador. É um momento histórico para toda a juventude de Ilha de Maré e familiares”.
O prefeito salientou que, apenas para a implantação da Casa dos Estudantes Quilombolas, foram investidos cerca de R$200 mil. “É uma felicidade muito grande para a Prefeitura realizar uma iniciativa pioneira no país, que é implantar uma casa de acolhimento de estudantes específica para a comunidade quilombola. Vamos poder acolher e abrigar esses jovens ao longo de todo o percurso deles no ensino superior, ofertando a eles um lugar para morar e se alimentar com segurança e qualidade. Assim, é reparada uma dívida histórica com a comunidade, que sempre sonhou com essa estrutura”, pontuou ACM Neto.
A secretária Ivete Sacramento explicou que a escolha por Ilha de Maré ocorreu devido ao número de comunidades quilombolas no local. Das cinco existentes em Salvador, quatro estão na ilha: Botelho, Passa Cavalo, Bananeiras e Santana. A quinta comunidade é a de Praia Grande, em São Tomé de Paripe, na parte continental da capital baiana.
“Só recentemente como política pública se reconheceu que Salvador tem cinco comunidades quilombolas, quatro delas em Ilha de Maré. Até então, esses estudantes ficavam isolados do processo de frequentar o ensino superior por conta da barreira do mar. Muitos jovens não têm condições financeiras de ir e voltar ou alugar um imóvel no centro. Somente pela Educação, vamos ter de fato uma revolução da população quilombola”, completou a titular da Semur.
Iniciativa – Fruto do Programa de Ações Afirmativas para a Comunidade Quilombola em Salvador, o novo espaço visa assegurar condições básicas de moradia a alunos de Ilha de Maré que estejam matriculados de forma presencial em entidades de ensino superior sediados na capital baiana, mas que encontram dificuldades no deslocamento para frequentar as aulas. Bem amplo e confortável, o imóvel possui sala de estudo, área de lazer, sete quartos, cinco banheiros e duas copas, além de boa localização – próxima a pontos de ônibus e estação do metrô.
Para ter acesso ao espaço, o estudante quilombola deverá apresentar RG e CPF, comprovante de residência e comprovante de matrícula atualizado.