A vida pública e corrida dos jogadores de futebol costuma afastá-los das coisas mais básicas da vida. Jogos, treinos, entrevistas e compromissos da profissão, se não forem bem administrados, podem atrapalhar o relacionamento com a família.
É o que garante Karoline Luxinger, pastora da Igreja Ramo da Videira, que auxilia alguns jogadores de futebol dos clubes da capital e suas esposas em um momento de aproximação com Deus. “A gente divide os sucessos, os insucessos, as tristezas e as alegrias”, conta.
Essas reuniões começaram em 2013, em uma iniciativa do ex-jogador e hoje comentarista Edu Lima e do volante Fahel, ex-atleta do Bahia. Intitulado de ‘Os Atletas de Cristo’, o objetivo do grupo, que contava no início apenas com jogadores do elenco tricolor, era falar de Deus.
O tempo passou e, com a saída de Fahel do Bahia, alguém precisaria assumir a liderança do grupo. E foi o goleiro Fernando Miguel, do Vitória, e sua esposa, Laura, que ‘ficaram com a braçadeira’.
Karol conta que, na ‘Reunião da Família’, nome dado por Fernando para os momentos de oração, é ele quem convoca os atletas. “Ele tem essa liderança de chamar os jogadores, até mesmo do time adversário, e mostrar que é necessário dedicar um tempo às suas famílias”, diz.
Tomar conta da família
A pastora explica a importância que essas reuniões têm na vida dos atletas que frequentam. “A intenção é tomar conta da família, cuidar deles, falar da palavra pra eles. Eles saem muito cedo de casa, estão em um lugar longe da família, sofrendo pressão de torcida e da mídia e é preciso administrar tudo isso”, destaca. A lição de tudo isso é entender que, ali, naquele grupo, eles são pessoas e não jogadores de futebol. Como explica Karol, aquele é um momento para assumir os papéis de pai e de esposo, dar atenção e cuidado às suas famílias, além de outras coisas que fogem na correria da vida profissional. A reunião acontece nas folgas, às segundas, no prédio onde mora Fernando Miguel, reunindo jogadores de ambas as equipes
Alinhar a vida pessoal às suas convicções e desejos pode, na maioria das vezes, alinhar todos os outros setores. A pastora conta que, nesses anos de trabalho com os jogadores e suas famílias, ela pôde observar uma mudança no que se refere ao equilíbrio.
“A pessoa tem um centro, equilíbrio e consciência. Não é mais guiado por um jogo que foi ruim, pelo o que a mídia diz e nem precisa viver à beira das próprias emoções”, afirma.
Esse equilíbrio vai desde o cuidado com as coisas que podem ser ditas, a postura em relação aos times adversários, e até a forma como se comportam com os resultados em campo. “Eles entendem que existe um propósito e confiam no que Deus tem pra eles”, ressalta Karol.
Participante dos encontros, o rubro-negro Willian Farias fala como eles ajudam no seu trabalho no futebol. “Tudo vem de Deus. Peço vigor, serenidade, domino próprio e sei que Ele me dá isso, mas sou eu quem preciso saber usar dentro de campo. Nunca peço para ganhar o jogo, ser campeão, nada. O que eu peço é que consiga desempenhar meu trabalho da melhor maneira possível para ajudar os meus companheiros”.
Do lado tricolor, o atacante Edigar Junio também é dos participantes das reuniões. “Por meio do grupo, temos mais proximidade com Deus e isso faz com que tenhamos mais confiança para desempenhar nosso melhor dentro de campo. A gente começa a ver o amor de Jesus por nós em todos os aspectos, seja no profissional, no pessoal, na saúde… E creio que tudo que conquistei e ainda vou conquistar é por meio de Jesus”, declarou Edigar.
Além de Willian Farias e Edigar Junio, outros atletas da dupla Ba-Vi que participam das reuniões, ao lado das esposas, são: Fernando Miguel, José Welison e Rhayner, pelo Vitória, e Elton e Jackson, pelo Bahia.
ATARDE