Um grupo de estudantes da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e do Instituto Federal da Bahia (Ifba) que mora na cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, saiu as ruas do centro da cidade nesta quinta-feira (12) para protestar contra a suspensão do programa Transporte Universitário, mantido pela prefeitura local. A suspensão afeta mais e 500 alunos das duas instituições que estão em aula por conta de greves e ocupações.
Os estudantes se concentraram em frente a prefeitura da cidade e logo depois caminharam pelas ruas do Centro. Ao chegarem Avenida Comercial, os manifestantes estavam na via quando um homem acelerou o carro arrastando dois estudantes, um deles havia subido no veículo. “Uma garota caiu e o menino foi arrastado por mais de 100 metros. O condutor abaixou o vidro dizendo que era policial. Fomos até a Defensoria Pública e também na delegacia (18ª DT/Camaçari) fazer o boletim de ocorrência e eles se negaram a prestar atendimento alegando que isso era de responsabilidade da Superintendência de Trânsito”, contou o estudante Adson Silva. Os estudantes gravaram o ocorrido.
Burocracia
Procurada, a assessoria de comunicação da prefeitura reforçou o conteúdo da nota de esclarecimento divulgada na quarta-feira (11) e informou que por conta de aspecto burocráticos não é possível fazer um contrato para atender os estudantes da Ufba e do Ifba. Os estudantes criticam. “É difícil entender, se para a coleta de lixo eles conseguiram um contrato emergencial, qual a diferença da gente?”, crítica o estudante de Analise de Sistemas do Ifba, Luan Marcel. Segundo o estudante, na instituição são cerca de 30 alunos que temem perder o semestre por conta das faltas. Ele conta que os cursos no Ifba são noturnos e que não há transporte público para a cidade após as aulas, que terminam por volta das 22h.
Sem condições de bancar com o deslocamento para assistir as aulas, os estudantes que antes contavam com ônibus fretados pelo poder municipal, estão buscando formas de resolver o impasse. Eles estão recolhendo assinaturas solicitadas por uma promotora do Ministério Público da Bahia.
Na Ufba, os estudantes relatam falta de condições de bancar os custos. “Alguns estudantes estão perdendo aula por não ter condições de bancar R$22 de gastos de transporte por dia e muita gente, como é o meu caso, tem dormido em casa de amigos ou tentado bancar um dia ou outro para voltar para casa. Tem estudante com medo de perder por falta”, explica o estudante de Geografia da Ufba Adson Silva, 22 anos. São cerca de 480 alunos da Ufba.
O outro lado
De acordo com a prefeitura, o contrato com a antiga empresa venceu no dia 31 de dezembro e não pôde ser renovado por conta da necessidade de um novo processo licitatório que só deve ser concluído no início de fevereiro.
Em nota, a prefeitura se posicionou informando que “está empenhada em regularizar o programa para os estudantes do município que começarão as aulas a partir de fevereiro”. Explicou ainda que o processo licitatório vai buscar um menor valor para o serviço já que o anteriormente praticado seria “incompatível com o real de mercado” e atribui os prejuízos sofridos pelos estudantes às greves nas instituições.
Correio24h