Salvador recebeu oficialmente 41 novas placas de sinalização turística para o Centro Histórico. A ação correu durante a abertura do 11º Encontro Brasileiro das Cidades Históricas, Turísticas e Patrimônio Mundial, realizada na tarde da segunda-feira (2), no Cine Glauber Rocha, no Centro. O material integra o projeto desenvolvido pela Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial (OCBPM), com o patrocínio da Vale e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio da Lei Rouanet.
A entrega foi feita pela responsável técnica pela área de turismo da Confederação Nacional de Municípios (CNM) e executiva da OCBPM, Marta Feitosa, ao titular da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura (Secult), Pedro Tourinho. As placas funcionam como ferramentas de democratização da cultura e visam não apenas guiar os turistas, mas também impulsionar a visitação.
Todo o trabalho foi desenvolvido em conformidade com o Guia Brasileiro de Sinalização Turística do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). É o mesmo padrão encontrado em qualquer local reconhecido como patrimônio pela Unesco no mundo.
Tourinho destacou a importância da sinalização e também da realização do evento em Salvador. “Recentemente fizemos um investimento grande em sinalização. No ano passado, instalamos centenas de placas, e essas agora vêm para somar ainda mais a esse processo de valorização do patrimônio”, declarou.
Turismo e patrimônio – O titular da Secult também ressaltou que a preservação e a potencialização do patrimônio são fundamentais para cidades históricas como Salvador. “Então, poder sediar esse evento aqui na cidade é muito bom, porque ampliamos essa discussão, fazemos trocas de experiências e reafirmamos nosso compromisso com a preservação e a movimentação do patrimônio”, disse.
“É com muita felicidade que estamos realizando esse encontro em Salvador e tendo o benefício de participar e dividir a pauta com o Turismo Criativo, que é algo sensacional. Nesse momento, estamos entregando o projeto completo e as placas de sinalização turística do sítio do patrimônio mundial de Salvador. O presidente da OCBPM encabeçou a ação e estruturou essa estratégia tão importante para nove sítios do patrimônio mundial. O turismo é um vetor importante de desenvolvimento para cidades que são patrimônio mundial, pois traz, além de tudo, sustentabilidade econômica e financeira”, acrescentou Marta Feitosa, representando o presidente da OCBPM, Mário Nascimento.
Selo – Durante o evento, Salvador também recebeu o selo Creative Friendly Destination da rede Creative Tourism Networking. “É uma honra e uma grande satisfação apresentar a certificação e o título ‘Salvador, Creative Friendly Destination’, que distingue destinos globais comprometidos com a criatividade e o turismo criativo como ferramenta de desenvolvimento sustentável. Desejamos dar as boas-vindas a Salvador na Rede Mundial de Turismo Criativo, com a certeza de que hoje começa um futuro rico em projetos virtuosos”, destacou a diretora-executiva da rede, Caroline Couret.
Evento – A programação do 11º Encontro Brasileiro das Cidades Históricas, Turísticas e Patrimônio Mundial, que este ano ocorre conjuntamente com a Conferência Internacional de Turismo Criativo, se estende até a próxima quinta-feira (5), com palestras, debates e painéis na Casa das Histórias, no Comércio. Promovido pela Prefeitura de Salvador, pela OCBPM e pela Creative Tourism Network, o evento tem como tema central: “Turismo Criativo, Patrimônio Vivo: Inovação e Parcerias para Revitalizar Cidades Históricas e Patrimônio Mundial”.
Com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável e a valorização do patrimônio cultural por meio da integração entre turismo criativo e patrimônio mundial, o encontro reúne gestores públicos e privados, pesquisadores, especialistas e profissionais de diversas áreas para trocar experiências e debater soluções criativas para os desafios atuais.
A abertura contou com a presença de Hermano Queiroz, superintendente do Iphan na Bahia; Cleber Rodrigues, gerente de Marketing da Infraero; além de representantes da Unesco, Embratur, Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Creative Tourism Network, Organização dos Estados Ibero-americanos no Brasil (OEI) e Sebrae.
A presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield, explicou a importância de um evento focado no turismo vivencial, que busca transformar os centros históricos em espaços mais dinâmicos e interativos. Ela apontou que, no passado, esses locais eram apenas contemplados como patrimônio, mas que hoje devem ser usados de forma mais integrada, valorizando suas dimensões culturais, como música e literatura, e conectando as pessoas à história e à cultura local.
“Atualmente, estamos compreendendo a importância de transformá-los em algo mais dinâmico. Esses espaços possuem uma dimensão cultural muito rica, expressa na música, na literatura e em diversos outros aspectos. Ou seja, o centro histórico hoje não é apenas um espaço de visitação, mas também de interação cultural e social. Em Salvador, por exemplo, o centro histórico tem uma beleza ímpar, que valoriza tanto a cidade quanto a Bahia como um todo. Estamos trabalhando em projetos importantes para essa área, incluindo o programa de habitação e outras iniciativas”, disse a gestora.
Um dos painéis da segunda-feira foi composto para discutir estratégias para preservar o patrimônio, promover o turismo e fomentar a economia criativa. Um dos palestrantes foi o presidente da Fundação Gregório de Matos (FGM), Fernando Guerreiro, que destacou a importância da preservação do patrimônio cultural como um pilar fundamental para a identidade, a cultura e o turismo sustentável em Salvador. Ele também evidenciou o trabalho realizado pela FGM, enfatizando conquistas como a implementação da Lei de Patrimônio em 2014, e a necessidade de superar a visão de que preservação é um entrave ao progresso.
“Muitas vezes, ouvimos críticas sobre a atuação dos órgãos reguladores e a preservação patrimonial, como se fossem obstáculos ao progresso. No entanto, preservar é proteger nossa identidade cultural. Sem isso, o que restará? Apenas shoppings? Se não cuidarmos do nosso patrimônio, toda a nossa história e identidade cairão por terra. E a perda desse patrimônio impacta diretamente o turismo. É essencial entender que a preservação não é um atraso, mas um progresso que valoriza o passado, a cultura e a tradição, gerando recursos e sustentabilidade para a cidade”, comentou o presidente da FGM.
Inscrições – O evento traz debates sobre “Títulos Globais, Impactos Locais: Estratégias Para Preservar Patrimônio, Promover Turismo e Fomentar a Economia Criativa”, “Patrimônio Cultural como Propulsor da Economia Criativa e de Destinos Criativos”, “Protegendo o Patrimônio – Mudanças Climáticas e Mitigação dos Impactos” e “Tecnologia, Inclusão e Acessibilidade em Cidades Históricas Turísticas e Patrimônio Mundial”. As inscrições e informações sobre a programação estão disponíveis no site https://cidadeshistoricas.cnm.org.br/.
Reportagem: Nilson Marinho e Priscila Machado/Secom PMS