Oficinas de artesanato, culinária, salas de cinema, palestras, aulas de maquiagem para a pele negra e desfile, dentre outras atividades, permearam a semana de atividades de diversas assistidas e moradoras do bairro e região de Pau da Lima. Esse foi o resultado de ação desenvolvida pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre), por meio do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Pau da Lima, para celebrar o Mês da Consciência Negra.
“Sabemos que o Dia da Consciência Negra é todo dia, mas as atividades lúdicas e empreendedoras são uma forma para marcar as ações e reconhecer a importância de homens e, em especial, mulheres pretas e toda sua importância para nossa cultura. Estimular as atendidas no Cras a empreender faz com que a elas acreditem em seus potenciais enquanto mulheres e profissionais e consigam sair desse lugar de vulnerabilidade”, frisou o secretário da Sempre, Júnior Magalhães.
Para a palestrante Carmen Flores, que é membro do Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), assistente social, historiadora e militante do movimento negro, uma das missões é fazer com que a população negra se reconheça e, a partir daí, se fortaleça para construir o seu presente e futuro. “O papel do Cras é exatamente esse: contribuir para o fortalecimento dessas pessoas, para que elas acreditem no seu potencial e, principalmente, na importância da força coletiva de uma comunidade, de um povo, da família, que é o foco do nosso trabalho”, afirmou.
Carmen lembrou ainda que o trabalho realizado durante o Mês da Consciência Negra deve ser realizado o ano inteiro. “Então, eu vim no sentido de reforçar a missão de contribuir para o fortalecimento dessas pessoas, reconhecendo toda a contribuição civilizatória da população negra, principalmente, que é a maioria das pessoas que são atendidas, e das mulheres, que aqui a maioria é de chefes de famílias, em situação de vulnerabilidade social”, frisou.
A coordenadora do Cras Pau da Lima, Núbia Santiago, elencou quão importante é a iniciativa, tanto para o público do Centro quanto para o das comunidades circunvizinhas. “Não tenha dúvida de que essas atividades acabam dando visibilidade aos nossos projetos socioassistenciais e denota que aqui dentro existe uma política social. Tanto é que, na segunda-feira (21), fizemos uma Oficina de Mugunzá com a história da iguaria aqui no Brasil. E quem participou informou que vai produzir para vender e ter uma renda a mais em casa. Então, isso traz maior representatividade”, exemplificou.
Mudança de vida – Para as assistidas, o Centro de Referência da Assistência Social significa mudança de vida. “Hoje temos oportunidade de mostrar que a gente tem nosso potencial, mostrar a nossa beleza. Foi aqui no Cras que consegui encontrar essa autoestima, olhar para o futuro, para dentro de mim, para a minha família. Sou mãe solteira, tenho quatro filhos e o Cras me ajudou bastante. Agora eu estou trabalhando”, reconheceu com gratidão Ângela Silva dos Santos, que participou do desfile de moda.
Com 61 anos completados na quinta-feira (21), a idosa Gisélia Vieira dos Santos afirmou ter o Cras hoje como sua família. “Me sinto muito mais empoderada, com muito mais força, mais liberdade. Tenho dois filhos, mas parece que não tenho família, então a família que considero é essa aqui”, revelou.
A semana de atividades teve como tema “Valorizar a Cultura Afro e Apoiar o Empreendedorismo” e ocorreu em parceria com o Programa Agente Empreendedorismo, da Prefeitura de Salvador e Parque Social, em prol da reflexão, capacitação, empoderamento e celebração da cultura afro-brasileira.