Nos últimos anos, o semiárido baiano tem vivenciado uma transformação após a chegada dos 291 sistemas de dessalinização do Programa Água Doce (PAD). Os benefícios vão além do acesso à água de qualidade para o consumo, executado na Bahia pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) o programa também incentiva o empreendedorismo feminino, impulsionando associações de mulheres que utilizam a água, fornecida pelo PAD, para gerar renda com a produção de polpas, doces, bolos e outros produtos.
Com a missão de integrar políticas de fomento e ampliar essas iniciativas, a Sema está promovendo, até o dia 23 de agosto, uma expedição com a presença de gestores e especialistas de diversas instituições públicas que vão conhecer as experiências bem-sucedidas apresentadas por seis comunidades rurais. No roteiro, a comitiva vai visitar as comunidades rurais e quilombolas onde mulheres lideram atividades econômicas nas áreas da piscicultura (cultivo de peixes), carcinicultura (criação de camarão) e processamento de alimentos, além do projeto de uma pequena usina de envasamento e comercialização da água dessalinizada.
“São novas alternativas de desenvolvimento socioeconômico impulsionadas pelo PAD, através da parceria entre as famílias beneficiadas, o Governo do Estado, a União, os municípios e instituições de ensino, pretendemos montar uma frente ampla de atuação para inserir essas práticas em estratégias transversais de atuação governamental, trazendo outros projetos para a população, fortalecendo o trabalho realizado por essas mulheres e multiplicando estes exemplos para as demais comunidades atendidas pelo PAD”, explicou a coordenadora estadual do PAD e representante da Sema, Luciana Santa Rita.
O início da viagem, nesta terça-feira (20), aconteceu nas localidades de Mandassaia II e Bispador, nos municípios de Riachão de Jacuípe e Capela do Alto Alegre, respectivamente. Uma oportunidade para acompanhar o desenvolvimento da unidade de piscicultura (cultivo de peixes) na comunidade de Mandassaia, um projeto liderado pela Bahia Pesca, em parceria com o PAD, assim como para conhecer a fábrica de sequilhos Quitutes Dona Izabel.
“Nosso papel nessa visita é aprender com essa dedicação, simplicidade e experiências de vida dessas mulheres sertanejas, que são beneficiadas e ao mesmo tempo fazem o programa acontecer. Esses conhecimentos populares delas, que lidam diariamente com o uso e a manutenção preventiva do equipamento, serão absorvidos para a evolução do PAD a nível nacional”, pontuou a representante do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Larissa Rosa.
Protagonismo da mulher
À frente da Associação Comunitária dos Moradores de Mandassaia II, Maria Odelice de Lima faz parte de uma família onde as mulheres assumiram o protagonismo empreendedor na comunidade em que residem: “através do PAD, conseguimos desenvolver nossos projetos, tivemos uma oferta de água em quantidade e qualidade para aumentar a nossa produção de biscoitos e realizar um sonho de minha já falecida mãe, que era fazer os Quitutes Dona Izabel crescer e virar uma marca reconhecida aqui na região. Conseguimos agregar valor ao nosso trabalho e o sonho se tornou coletivo, com a participação de 30 mulheres na administração, fabricação e venda, uma atividade que já é fonte de sustento para muitas famílias de Mandassaia e mais sete povoados”.
Dona Odelice completou: “também tivemos a oportunidade de participar de outro projeto do Governo, o de processamento de frutas para a produção de polpas, algo que era praticamente impossível de se pensar antes do Água Doce, pois não tínhamos nem água potável suficiente para o consumo em casa, agora temos até uma pequena indústria de polpas”.
Cultivo de peixe e camarão no semiárido
Durante a programação, o gerente de projetos da Bahia Pesca, José Gonçalves Jr., destacou que a comunidade de Mandassaia 2 foi escolhida como projeto piloto para a unidade produtiva de peixes. “Implementamos aqui a piscicultura, com a espécie tilápia, utilizando como criatório o tanque do rejeito de sal do sistema. Observamos, hoje, que a criação evoluiu de maneira mais que satisfatória, superando inclusive as perspectivas iniciais, o que demonstra a viabilidade deste tipo de cultivo e o empenho dos moradores que foram capacitados pela Bahia Pesca e pela Sema, quando receberam os insumos e ferramentas necessárias para suas atividades nessa nova rotina”, completou.
Outro ponto destacado foi a utilização da água do reservatório de peixes para o plantio de plantas halófitas, importante alimento para caprinos e bovinos. A expedição também visitará as localidades do Assentamento Lagoa de Dentro (Ourolândia), São Tomé (Campo Formoso), Fazenda Cachoeirinha (Andorinha) e Arapuá Novo (Jaguarari).
Fonte: Ascom/Sema