“A gente quer garantir que o feijão, o arroz, o flocão de milho que a gente coloca no prato dos nossos estudantes não precise vir de longe, de outro estado, se temos produção nossa, dos nossos agricultores familiares. Mas é também sobre uma comida de qualidade, que a gente sabe de onde vem, que não tem veneno, que vai deixar nossos meninos e meninas fortes e saudáveis”, afirmou o governador, durante reunião para as assinaturas.
A estudante Suelem Gomes, da rede estadual de Amélia Rodrigues, também tem agricultores familiares na família e, para ela, o alimento da agricultura familiar guarda memória afetiva e cuidado com a saúde dos estudantes. “Agricultura familiar me lembra minha infância com minha família, porque eu tenho tios que são agricultores, que plantam raizes, legumes, hortaliças. E eu vejo assim: uma oportunidade de eles se desenvolverem. Tipo a parte da plantação e do desenvolvimento econômico. Então, pra mim, é muito importante. E sem contar que os produtos da agricultura familiar são mais saudáveis e ajudam no nosso crescimento. Acho que só aprende bem quem se alimenta bem, né? E é isso que o nosso estado está fazendo com essa iniciativa”, avaliou.
Serão R$ 36 milhões destinados pela SEC e pela SDR para aquisição dos alimentos de nove associações e cooperativas rurais de pequenos produtores. Mais R$ 15 milhões do Governo Federal vão se somar ao recurso que vai atender à rede estadual de ensino.
Representando uma das associações de pequenos produtores contratadas, Jeronias Libanio dos Santos, presidente da Associação do Desenvolvimento do Baixo Sul (Adebasul), falou que conseguir o sustento da própria família com produção local e sustentável era impensável há 40 anos. “A gente não consegue nem medir, mas assim, [política pública] é uma coisa fundamental, porque você começa a dar dignidade às pessoas, dar renda, e faz com que as pessoas comecem a sonhar, e sonho que há 30, 40 anos não era possível, hoje já é possível. É o que eu falo direto, a maior alegria minha como representante da entidade é ver filho de produtor querendo se profissionalizar, se formar, e quando ele sai da agricultura é para voltar com conhecimento e aperfeiçoar o trabalho. Então, têm um papel fundamental essas políticas, elas estão contribuindo para o nosso desenvolvimento socioeconômico e cultural na nossa sociedade baiana”, dividiu o produtor.
A parceria entre a educação e o desenvolvimento rural faz parte das ações para erradicação da fome na Bahia, em parceria com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), do Governo Federal. Também integra a agenda estadual de desenvolvimento sustentável, que incentiva a produção local em três territórios de identidade: Salvador e Região Metropolitana, Portal do Sertão e Litoral Sul.
O secretário Osni Cardoso, da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), expôs que quando a agricultura familiar tem recurso, sai do lugar exclusivo de uma atividade de subsistência. “A gente sempre ouviu falar da agricultura familiar como uma agricultura de subsistência. Sempre será de subsistência, porque parte do que ela produz é para a sua alimentação, mas agora ela consegue renda direta, recurso, quando o agricultor vende sua produção. O que nós estamos fazendo hoje é impactando algo em torno de 8, 10 mil famílias com mais de R$ 50 milhões. E isso é só o início, porque vai ter uma operação nossa, em conjunto com a Secretaria de Educação, para que o Pnae aumente a compra, porque a gente já tem capacidade produtiva hoje”, disse.
Vão fazer parte da alimentação dos estudantes arroz, feijão, farinha, flocão, aipim e polpas de frutas da época produzidos pela agricultura familiar baiana. Estão no projeto de segurança alimentar e nutricional nas escolas cidades como Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Feira de Santana, Santa Bárbara, Camaçari, Itaparica, Lauro de Freitas e São Francisco do Conde.
Repórter: Milena Fahel/GOVBA