Referência em Salvador na prestação de serviços públicos de atenção e prevenção à violência contra à mulher, o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Loreta Valadares (CRAMLV) completa 18 anos neste sábado (25). Em alusão à data, foi realizada uma cerimônia especial nesta sexta-feira (24), no auditório do Núcleo Espírita da Polícia Militar da Bahia (NEPOM), nos Barris, e, na ocasião, 11 servidores foram homenageados.
A unidade gerida pela Prefeitura, através da Secretaria de Políticas para Mulheres Infância e Juventude (SPMJ), funciona na Rua Conselheiro Spínola, Praça Almirante Coelho Neto, nos Barris, e é a mais antiga instituição municipal de acolhimento e proteção à mulher. Nos últimos três anos, de janeiro de 2021 a setembro de 2023, a instituição realizou mais de 19 mil atendimentos e cerca de 7 mil acolhimentos de vítimas da violência.
Para a secretária da SPMJ, Fernanda Lordêlo, a passagem de quase duas décadas da unidade somada à ampliação da rede, com entrega novos equipamentos pelo poder público municipal, mostra o compromisso da gestão em cuidar das mulheres em situação de vulnerabilidade.
“O Loreta fazer 18 anos é um sinal claro do quanto a gente luta pela erradicação da violência contra mulher. O serviço nos serviu de modelo para outros centros de referência que fundamos. É importante sinalizar que esse equipamento está ativo, funcionando de forma tão qualificada e há tanto tempo, para salvar vidas. A gente que atua diretamente com essas mulheres sabe que essas estruturas psicossociais são o principal caminho de salvar a vida dessas mulheres”, pontuou a gestora.
A titular da SPMJ defendeu a ampliação de centros como o Loreta por toda a Bahia. Segundo ela, são apenas 30 em todo estado, três deles na capital. “Temos 417 municípios e são poucos centros para cuidar das mulheres em todo estado. É importante reforçar e comemorar a existência de espaços como esse, já que os números de violência só crescem. Graças a esses equipamentos, essa mulher vítima de violência tem onde buscar ajuda, orientação e assistência”, assinala.
Resgate de vida – Há cinco anos, a estrutura do Loreta atendeu M.G.B, 52 anos, quando resolveu quebrar o ciclo de violência sofrida em um casamento de 32 anos e buscar ajuda. Mesmo divorciada, feliz e com uma nova vida, ainda consegue recordar como se sentia à época em que buscou a instituição. “Passei dois meses só chorando diante da assistente social, mas quando finalmente falei foi libertador. Graças a todos os profissionais daqui consegui me separar e seguir minha vida. Voltei a estudar e vou me formar em serviço social para ajudar outras mulheres”, afirmou emocionada.
A história de vida M.G.B, assim como de milhares de outras mulheres que passaram pela instituição, integra a trajetória profissional da assistente social, Tânia Palma, que atua na unidade desde a fundação e foi uma das homenageadas.
“O Loreta foi pioneiro, sagrou a vitória de muitas lutas. Ele nasce para atender um clamor de movimentos de mulheres, fóruns, conselhos e de vítimas da violência masculina. Na época ele foi fundado em forma de administração tripartite entre os governos federal, estadual e municipal. Começamos na Federação, depois mudamos para os Barris e hoje é totalmente gerido pelo município. Fazemos um trabalho de salvar vidas, me emociono ao lembrar quantas mulheres já resgatamos”, diz.
Além de Tânia, foram homenageadas as assistentes sociais Daniela Miguez, Silvana Leal, Andréa Melo, Marilda Bastos e Roseane Paraguaçu; as psicólogas Suely Lobo e Ana Cláudia Urpia; a recepcionista Zilda Silva; o encarregado serviços gerais, Antônio Santos e a gestora Lícia Marins. O evento contou ainda com a participação de membros da Guarda Civil Municipal (GCM), Ronda Maria da Penha da Polícia Militar da Bahia, Defensoria Pública da Bahia (DPE-BA), Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e Tribunal de Justiça (TJ-BA).
Rede de apoio em Salvador – O Loreta Valadares disponibiliza um serviço público de atenção e prevenção à violência contra a mulher e conta com uma equipe multiprofissional que disponibiliza assistência jurídica, psicológica, social, pedagógica, nas suas três linhas de ação: prevenção, atenção e articulação da rede de atenção. O espaço recebe mulheres por demanda espontânea, ou seja, qualquer vítima pode ter acesso aos serviços disponibilizados através do espaço comparecendo apenas no local.
A instituição oferece apoio e uma série de atividades, palestras e cursos que promovem a elevação da autoestima e o empoderamento feminino como, por exemplo, aulas de biodança, yoga e cursos de capacitação e formação profissionalizante. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Além do CRAMLV, o público feminino conta com o apoio do Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (Camsid), na Ribeira; do Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher Arlette Magalhães (CREAM), em Fazenda Grande II, e ainda através de ações itinerantes como a Caravana da Mulher e Cram em Movimento.