Fotos: Otávio Santos/Secom
“Caminhos para uma educação antirracista e afrocentrada” foi tema de discussão de mais uma roda de conversa do projeto Salvador Capital Afro (SCA), com programação que acontece até este sábado (24). Desta vez, o evento está sendo realizado na sede do Malê Debalê, em Itapuã.
Participaram da discussão, na sexta-feira (23), a criadora da Escolinha Maria Felipa – primeira escola de afro-brasileira do País, Bárbara Carine; a idealizadora do projeto Afroinfância, Caroline Adesawa; a fundadora do projeto Mãe Preta Amarela – primeira Comunidade Brasileira pela Humanização da Criança Preta, Giovana Castro; e as educadoras da Secretaria Municipal de Educação (Smed), Eliane Boa Morte e Gedalva Neres da Paz.
Na ocasião, Gedalva falou sobre a importância da expansão da discussão do tema por toda a sociedade. “Nós temos um lugar de história, de origem e de riqueza. Se entendermos sobre o nosso empoderamento, a potência e a força se torna muito maior, e é por isso que estamos aqui neste encontro, de cada um em seu lugar fazendo o seu tanto”.
A idealizadora do projeto Afroinfância, Caroline Adesawa, refletiu sobre o autopertencimento na vida das crianças a partir do entendimento de sua origem. “Precisamos de mais apoio e visibilidade dentro das instituições acadêmicas para continuar nessa discussão. Infelizmente, ainda o racismo é escancarado nas instituições e precisamos trabalhar no sentido de pensar na consciência de levar histórias potentes para nossas crianças”.
A atividade também foi um leque de diálogo da aplicação da Lei 11.645/2008, que inclui no currículo oficial da educação básica a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena.
Participando do encontro, a modelo Laura Mendes, de 21 anos, disse o quanto a abordagem da temática tem contribuído no próprio entendimento sobre educação afrocentrada. “Estar neste evento, podendo ouvir e ver pessoas de personalidades muito fortes é extremamente necessário para mim. Venho de uma família preta, mas não tive essas instruções antes que, com certeza, iriam me ajudar muito a lidar com as situações que só o jovem negro vivencia”.
Programação – Além do encontro desta sexta, a programação se estende neste sábado (24), às 18h, na Lagoa do Abaeté, com atividades culturais, oficinas, contação de histórias, atrações musicais e cinema. Na parte da manhã, o evento receberá o grupo infantil do bloco afro Malê Debalê, Malezinho; a Banda Erê, do Ilê Ayiê; a banda Escola do Olodum e a Escola de Samba Unidos de Itapuã.
Já pela tarde, a cantora Lu Santana e o coletivo Rumpilezzinho se apresentarão durante as atividades, que contará com a participação especial da artista Lilica Rocha.
Salvador Capital Afro – O Salvador Capital Afro é uma iniciativa da Prefeitura de Salvador, através da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), por meio do Prodetur, em parceria com a Secretaria Municipal da Reparação (Semur). A proposta é posicionar a cidade como referência do Afroturismo, nacional e internacionalmente, por meio da valorização das manifestações culturais, do potencial criativo, da força das tradições, tecnologias ancestrais e incentivo ao Black Money, movimento que favorece negócios entre pessoas negras.
Para a titular da Semur, Ivete Sacramento, o Salvador Capital Afro movimenta cada canto da cidade. “O SCA representa o envolvimento das comunidades, dos empreendedores e de potencialização do povo negro”, pontua.
Para a titular da Secult, Andrea Mendonça, o movimento Salvador Capital Afro chegou para reconhecer a potência da cultura negra na cidade, criando mecanismos de visibilidade e proteção da identidade deste público. “Além disso, o projeto posiciona Salvador estrategicamente na rota do turismo afro no âmbito mundial, uma tendência em alta que vai atrair os olhares internacionais e mais turistas, incrementando a economia”, destacou.