Reações Alérgicas a Vacinas é um dos temas que será discutido durante o 1º Simpósio de Alergia e Imunologia da Infância à Senescência, que acontece em São Paulo nos dias 26 27 de agosto. A Dra. Ana Karolina Barreto Marinho, palestrante do Simpósio, apresentará a importância da imunização e como os pacientes alérgicos estão inseridos no contexto das imunizações.
“Os eventos alérgicos pós-vacinais são raros e, quando acontecem, precisam ser esclarecidos para evitar exposições futuras e não colocar o paciente em risco novamente, mas principalmente mostrar que as vacinas são seguras e que muitos eventos pós-vacinais são coincidentes, não têm causalidade com a vacina. É preciso trabalhar a confiança nas vacinas e evitar a hesitação vacinal”, explica a especialista, membro do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
Acompanhe a entrevista com a Dra. Ana Karolina:
Qual a vacina que mais tem ocorrência de reação alérgica?
Geralmente, a vacinação é bem tolerada na grande maioria da população, e os benefícios dela superam amplamente os riscos de eventos adversos graves na maioria dos pacientes. Embora as reações alérgicas não sejam eventos comuns após as vacinas, elas podem acontecer com quase todos os imunizantes. As vacinas mais estudadas em relação aos eventos de hipersensibilidade atualmente são: febre amarela (FA), influenza, tríplice viral, varicela, difteria/tétano/coqueluche, pneumocócica e Covid-19.
Nestes casos, a orientação é não vacinar?
Reações alérgicas leves ou moderadas não são contraindicação para a maioria dos casos. De um modo geral, reações anafiláticas ou reações graves após a primeira dose de uma vacina são contraindicações para receber doses futuras.
No entanto, pessoas que tiveram alguma reação alérgica grave precisam ser avaliadas pelo especialista. Dependendo do risco epidemiológico de adquirir uma doença infecciosa grave, o alergista avaliará, em conjunto com paciente, alternativas seguras.
Em caso de alergia ao ovo e ao leite, como proceder com a vacinação?
Alergia ao ovo: pessoas com alergia ao ovo não têm contraindicação para receber todas as vacinas de um modo geral. O cuidado especial será aplicado em relação a pessoas alérgicas ao ovo com sintomas graves após a ingestão (anafilaxia), que precisam receber a vacina febre amarela. Nestes casos, a avaliação individualizada é desejável. É possível a realização de testes cutâneos com a vacina da febre amarela e, dependendo do resultado, a pessoa poderá receber a vacina em doses fracionadas, sob supervisão de até 60 minutos.
Alergia ao leite: alérgicos ao leite poderão receber todas as vacinas do calendário vacinal, exceto vacinas que contenham proteínas hidrolisadas do leite, como é o caso da vacina tríplice viral do Laboratório Institute Serum of Indian.
Foi registrado reação alérgica com a vacina contra a covid?
Sim. A pandemia de covid-19 acelerou o desenvolvimento de várias plataformas de vacinas, incluindo as vacinas de mRNA. O PEG (polietilenoglicol) é usado como estabilizador no revestimento lipídico dessas vacinas para aumentar sua hidrossolubilidade. Um total de 2,5 a 11,1 episódios de anafilaxia por 1 milhão de doses administradas foi observado após vacinas de mRNA no início da vacinação em massa, o que é maior do que o normalmente observado com outras vacinas. Atualmente, entendemos que a frequência de anafilaxia após vacinas de mRNA para covid-19 é bem menor.
O PEG é amplamente utilizado em indústrias farmacêuticas, alimentícias e de cosmetologia, mas seu peso molecular varia de acordo com o produto, dando propriedades diferentes da molécula. O mecanismo exato associado à anafilaxia da vacina covid-19 ainda não está conhecido, e o papel do PEG precisa ser confirmado.
Qual das marcas pode dar algum tipo de reação alérgica?
Em relação às vacinas COVID-19 utilizadas no Brasil atualmente (mRNA, vetor viral e inativadas), qualquer plataforma é passível de causar uma reação alérgica, embora raro.
Qual a orientação geral para as pessoas com algum tipo de alergia em relação à vacinação?
Informar ao vacinador ou serviço de vacinação qual o seu tipo ou diagnóstico de alergia. De um modo geral, pessoas alérgicas a alimentos, medicamentos, insetos entre outros podem e devem se vacinar.
Caso a pessoa tenha histórico de anafilaxia ou choque anafilático à alguma vacina ou a algum componente que possa estar presente em alguma vacina, deve avisar ao vacinador.
Paralelamente ao 1º Simpósio de Alergia e Imunologia da Infância à Senescência acontecerá o Fórum de Discussão sobre Alergia e Imunologia no SUS. O Simpósio conta com a parceria da Sociedade Brasileira de Pediatria, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e da Comunidade.
1º Simpósio de Alergia e Imunologia da Infância à Senescência
Data: 26 e 27 de agosto
Local: Hotel Meliá Paulista – Av. Paulista, 2181 – Consolação – SP
Informações e Inscrição: https://www.saiis.com.br/
Sobre a ASBAI
A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia existe desde 1972. É uma associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cuja missão é promover a educação médica continuada e a difusão de conhecimentos na área de Alergia e Imunologia, fortalecer o exercício profissional com excelência da especialidade de Alergia e Imunologia nas esferas pública e privada e divulgar para a sociedade a importância da prevenção e tratamento de doenças alérgicas e imunodeficiências. Atualmente, a ASBAI tem representações regionais em 21 estados brasileiros.
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Reações alérgicas leves ou moderadas não são contraindicação
Simpósio da Infância à Senescência acontece em agosto