Segundo pesquisas recentes da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo. Com cerca de 1,5 milhões de cirurgias ao ano, ultrapassamos os Estados Unidos e o México, em segunda e terceira posição, respectivamente. E, de acordo com os estudos, o procedimento estético mais realizado é a lipoaspiração, com 15,5% do total das cirurgias.
“Hábitos saudáveis como alimentação equilibrada e atividade física regular são fundamentais para manter o peso e a saúde. No entanto, estas práticas dificilmente conseguem eliminar as gorduras localizadas. Com a lipoaspiração, é possível retirar estes acúmulos de gordura em várias partes do corpo, incluindo barriga, coxas, braços, pescoço, cintura, costas, bochechas, queixo, pernas e tornozelos”, explica o Dr. Luís Felipe Maatz, cirurgião plástico, com especialização em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e especialista em Reconstrução Mamária pelo Hospital Sírio-Libanês.
Porém, mesmo sendo o procedimento mais feito no Brasil, o que não falta são dúvidas e inverdades. Para esclarecer os pontos mais importantes, o Dr. Luís Felipe Maatz listou os principais mitos e verdades sobre a lipoaspiração:
Lipoaspiração emagrece
Mito. O procedimento tem como objetivo melhorar o contorno corporal por meio da aspiração de gordura em áreas específicas. No entanto, há um decreto do Conselho Federal de Medicina (CFM) que estipula que os médicos só podem retirar até 7% do volume corpóreo total do paciente. Ou seja, a cirurgia é indicada apenas para retirada de gordura localizada.
Lipoaspiração é uma cirurgia perigosa
Depende. Como qualquer procedimento cirúrgico, a lipoaspiração pode ter complicações. Mas, quando feita em um hospital com toda infraestrutura necessária, e por médicos com especialização comprovada em cirurgia plástica (com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica); a lipoaspiração possui, em geral, baixo risco.
Segundo Maatz, para realizar um procedimento com segurança, o paciente deve estar em bom estado de saúde. A cirurgia não é indicada para pessoas acima do peso, com problemas cardiorrespiratórios ou demais pré-disposições. Daí a importância de fazer todos os exames pré-operatórios, que incluem exames de sangue e cardiológicos. “A primeira consulta é fundamental para que o médico faça uma triagem completa, obtendo todas as informações necessárias sobre o paciente, incluindo histórico e problemas de saúde”, pontua o especialista.
Qualquer cirurgião pode realizar a lipoaspiração
Mito. Conforme regras e normas do Conselho Federal de Medicina, a lipoaspiração só pode ser feita por cirurgiões plásticos. Médicos que fizeram pós-graduação em Medicina Estética, por exemplo, não são cirurgiões plásticos. Portanto, o CFM não reconhece essa formação como especialidade.
Fica o alerta: hospitais exigem dos médicos documentos que comprovem a formação e qualificação para operarem. Os que não são cirurgiões plásticos acabam fazendo a lipoaspiração em consultórios e clínicas para burlarem essa norma, expondo a saúde e a vida do paciente.
Emagrecer antes do procedimento ajuda nos resultados
Verdade. Quanto menor for a quantidade de gordura a ser aspirada, menos agressiva se torna a cirurgia. Consequentemente, o pós-operatório poderá ser mais tranquilo, já que o edema e a retenção de líquidos serão menores.
O organismo pode repor a gordura perdida
Verdade. Na lipoaspiração, parte das células de gordura são retiradas e não retornam. Entretanto, se o paciente não adotar uma alimentação saudável e equilibrada, aliada à rotina de exercícios físicos regulares, as células de gordura que permaneceram podem aumentar de tamanho. “Por isso, cuidar do corpo é crucial para a manutenção dos resultados da lipoaspiração”, reforça Luís Maatz.
É possível realizar nova lipoaspiração em caso de ganho de peso
Verdade. É preciso aguardar um período de três a seis meses entre uma cirurgia e outra.
Lipoaspiração pode deixar a barriga flácida
Mito. Se o procedimento foi realizado corretamente, a pele irá retrair e não sobrará flacidez. Dependendo do caso, pode haver indicação de uma abdominoplastia, que remove o excesso de gordura e de pele, restaurando os músculos abdominais enfraquecidos ou separados e criando um perfil abdominal mais suave e harmonioso.
Lipoaspiração atenua a celulite
Verdade. Apesar de não ter essa finalidade, a lipoaspiração pode melhorar o aspecto dos indesejáveis furinhos, principalmente nos culotes, pois as traves fibrosas que retraem o tecido e formam a celulite são quebradas durante a cirurgia.
É possível fazer uma lipoaspiração após o parto
Mito. Deve-se aguardar de 6 a 9 meses após o parto para realizar qualquer tipo de cirurgia plástica.
Lipoaspiração com anestesia local é mais segura
Mito. A anestesia local é comumente usada em procedimentos de pequeno ou médio porte, como cirurgia das pálpebras, das orelhas ou correção de cicatrizes. Mas, em se tratando de uma lipoaspiração, a indicação é de anestesia geral. Apesar de muitas vezes preocupar os pacientes, as complicações com anestesia geral se tornaram mais raras por conta das inovações tecnológicas de monitoramento usadas por anestesiologistas.
“A anestesia geral permite que o paciente fique inconsciente, proporcionando conforto pela total perda de sensibilidade à dor, bloqueando os movimentos musculares involuntários, facilitando a administração das medicações e, principalmente, mantendo o controle das vias aéreas e dos sinais vitais do paciente”, finaliza Luís Felipe Maatz.